O Evangelho, proclamado antes da procissão apresenta
Jesus que desce do Monte das Oliveiras montado num jumentinho, sobre o qual
ainda ninguém se sentara; evidencia o entusiasmo dos discípulos, que acompanham
o Mestre com aclamações festivas.
Mas este Jesus, cuja entrada
na Cidade Santa estava prevista precisamente assim nas Escrituras, não é um
alguém que vive de ilusões, que apregoa ilusões, um vendedor de fumaça. Longe
disso! É um Messias bem definido, com a fisionomia concreta do servo, o servo
de Deus e do homem que caminha para a paixão; é o grande Padecente da dor
humana.
Assim, enquanto festejamos o
nosso Rei, pensemos nos sofrimentos que Ele deverá padecer nesta Semana.
Pensemos nas calúnias, nos ultrajes, nas ciladas, nas traições, no abandono, no
julgamento iníquo, nas bastonadas, na flagelação, na coroa de espinhos... e,
por fim, no caminho da cruz até à crucifixão.
Entretanto, Jesus tinha dito
claramente aos seus discípulos que tudo isso haveria de acontecer: “Se alguém
quer vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me”. Nunca,
portanto, prometeu honras nem sucessos. Os Evangelhos são claros. Sempre avisou
os seus amigos de que a sua estrada era aquela: a vitória final passaria
através da paixão e da cruz.
E, para nós, vale o mesmo.
Para seguir fielmente a Jesus, peçamos a graça de o fazer não por palavras mas
com as obras, e ter a paciência de suportar a nossa cruz: não a recusar nem
jogar fora, mas, com os olhos fixos n’Ele, aceitá-la e carregá-la dia após dia.
E este Jesus, que aceita ser
aclamado, mesmo sabendo que O espera o “crucifica-o!”, não nos pede para O
contemplarmos apenas nos quadros, nas fotografias, ou nos vídeos que circulam
na rede. Não. Está presente em muitos dos nossos irmãos e irmãs que hoje, sim
hoje, padecem tribulações como Ele: sofrem com um trabalho de escravos, sofrem
com os dramas familiares, as doenças... Sofrem por causa das guerras e do
terrorismo, por causa dos interesses que se movem por detrás das armas que não
cessam de matar. Homens e mulheres enganados, violados na sua dignidade,
descartados.... Jesus está neles, em cada um deles, e com aquele rosto
desfigurado, com aquela voz rouca, pede para ser enxergado, reconhecido, amado.
Finalmente, não há outro
Jesus: é o mesmo que entrou em Jerusalém por entre o acenar de ramos de
palmeira e oliveira. É o mesmo que foi pregado na cruz e morreu entre dois
malfeitores. Não temos outro Senhor para além d’Ele: Jesus, humilde Rei de
justiça, misericórdia e paz.
Papa Francisco - 09 de abril de 2017
Hoje celebramos:
São Dimas - O Bom Ladrão
Beata Josafata Hordashevska
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