Eleito pontífice em 401, santo
Inocêncio I, de Albano Laziale, governou a Igreja por 16 anos, em período
histórico muito difícil para os destinos do império romano do Ocidente e
particularmente para Roma, que a 24 de agosto de 410 foi conquistada e saqueada
pelos godos de Alarico. Desde 408 o bárbaro Alarico apertava o cerco de Roma.
Muitos cidadãos, ainda não convertidos ao cristianismo, celebraram solenes
sacrifícios às antigas divindades. O papa Inocêncio, graças ao prestígio que
tinha entre os bárbaros, obteve uma trégua, aceitando a condição de ir a
Ravena, onde estava o amedrontado imperador Honório para persuadi-lo a conceder
especiais poderes a Alarico.
A missão do pontífice não conseguiu os resultados esperados pelos
invasores, por isso Alarico deu início ao dramático saque de Roma; o saque e as
devastações duraram três dias. Os bárbaros respeitaram as igrejas. Parece mesmo
que os bárbaros godos tenham transportado para o túmulo do Príncipe dos
apóstolos os vasos preciosos que os particulares haviam escondido em suas
próprias casas. Todavia a queda de Roma, comentada com expressões pesarosas de
dor por santo Agostinho e são Jerônimo, não assinalou o declínio da autoridade
pontifícia.
A solicitude para com todas as Igrejas é demonstrada por grande número de
cartas escritas por Inocêncio I, trinta e seis das quais constituem o primeiro
núcleo das coleções canônicas, ou cartas encíclicas, que fazem parte do
magistério ordinário dos pontífices. Inocêncio I estabeleceu um ponto muito
importante na disciplina eclesiástica, isto é, a uniformidade que as várias
Igrejas devem ter com a doutrina e as tradições da Igreja de Roma.
Suas intervenções doutrinais se referem à liturgia sacramental, à
reconciliação, à unção dos enfermos, ao batismo, à indissolubilidade do
matrimônio, claramente defendida também nos casos de adultério. Durante o seu
pontificado difundiu-se a heresia de Pelágio, condenada em 416 pelos concílios
regionais de Milevi e de Cartago por iniciativa de santo Agostinho e com a
aprovação de Inocêncio I. A solicitude do papa não se dirigia somente à defesa
da doutrina tradicional da Igreja: com humaníssima sensibilidade sabia
confortar e aliviar sofrimentos.
A são Jerônimo, que do seu retiro de Belém lhe escrevera para confiar-lhe
algumas aflições suas, o papa respondeu com carta paterna, mostrando que sabia
não só reger o leme da barca de Pedro com mão firme, mas também possuir coração
aberto à compreensão de tantos pequenos e grandes dramas individuais. Morreu em
Roma no ano de 417, a 12 de março.
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