O trecho do Evangelho de hoje é composto por duas partes: uma, na qual se descreve como não devem ser os seguidores de Cristo; a outra, na qual se propõe um ideal exemplar de cristão.
Na primeira parte, Jesus atribui aos escribas,
mestres da lei, três defeitos que se manifestam no seu estilo de vida: soberba,
avidez e hipocrisia. Eles — diz Jesus — gostam de ser cumprimentados nas praças
públicas, e de se sentar nas primeiras cadeiras nas sinagogas e de ocupar os
primeiros lugares nos banquetes. Mas por detrás de aparências tão solenes
escondem-se falsidades e injustiças. Enquanto se ostentam em público, usam a
sua autoridade para devorar os bens das viúvas que, juntamente com os órfãos e
os estrangeiros, eram consideradas as pessoas mais indefesas e menos tuteladas.
Além disso, os escribas rezam prolongadamente para se mostrar. Ainda hoje
existe o risco de assumir estas atitudes.
A segunda parte do
Evangelho dmostra a cena é ambientada no templo de Jerusalém, precisamente no
lugar onde as pessoas lançavam as moedas como oferta. Há tantos ricos que
oferecem muitas moedas, e há uma mulher pobre, viúva, que só oferece dois
tostões, duas pequenas moedas. Jesus observa atentamente aquela mulher e chama
a atenção dos discípulos para o contraste evidente da cena. Os ricos deram
com grande ostentação aquilo que para eles era supérfluo, enquanto a viúva, com
discrição e humildade, ofereceu tudo o que tinha para o seu sustento; por isso
— diz Jesus — ela deu mais do que todos. Por causa da sua pobreza extrema,
poderia ter oferecido uma única moeda para o templo e conservado a outra para
si. Mas ela não quer dividir a meio com Deus: priva-se de tudo. Na sua pobreza
ela entendeu que, se tiver Deus, tem tudo; sente-se amada totalmente por Ele e,
por sua vez, ama-o também de modo total. Que bonito exemplo, aquela velhinha
Diante das necessidades do próximo, somos
chamados a privar-nos de algo que nos é indispensável, não apenas do supérfluo;
somos chamados a dar o tempo necessário, não só aquele que nos sobeja; somos
chamados a oferecer um nosso talento imediatamente e de modo incondicional, e
não depois de o ter utilizado para as nossas finalidades pessoais ou de grupo.
Papa Francisco – 08 de
novembro de 2015
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