O Evangelho de hoje nos repropõe o ensinamento de Jesus sobre o maior mandamento: o mandamento do amor, que é duplo: amar a Deus e amar ao próximo.
Antes de ser um mandamento — o amor não é uma
ordem — é um dom, uma realidade que Deus nos faz conhecer e experimentar, de
modo que, como uma semente, possa germinar também dentro de nós e
desenvolver-se na nossa vida.
Se o amor de Deus ganhou raízes profundas numa pessoa, ela torna-se capaz de amar até quem não o merece, como faz precisamente Deus em relação a nós. O pai e a mãe não amam os filhos só quando o merecem: amam-nos sempre, mesmo se naturalmente lhe fazem compreender quando erram.
De Deus nós aprendemos a querer sempre e só o
bem e nunca o mal. Aprendemos a olhar para o próximo não só com os nossos
olhos, mas com o olhar de Deus, que é o olhar de Jesus Cristo. Um olhar que
parte do coração e não se detém na superfície, vai além das aparências e
consegue captar as expectativas profundas do outro: expectativas de ser
recebido, de uma atenção gratuita, numa palavra: de amor.
Mas verifica-se também o percurso contrário:
que abrindo-me ao outro tal como ele é, indo ao seu encontro, pondo-me à
disposição, abro-me também ao conhecimento de Deus, a sentir que Ele existe e é
bondoso.
Amor de Deus e amor ao próximo são inseparáveis
e estão em relação recíproca.
Jesus não inventou nem um nem outro, mas
revelou que eles são, no fundo, um único mandamento, e fê-lo não só com
palavras, mas sobretudo com o seu testemunho: a própria Pessoa de Jesus e todo
o seu mistério encarnam a unidade do amor de Deus e do próximo, como os dois
braços da Cruz, vertical e horizontal. Na Eucaristia Ele doa-nos este amor
duplo, doando-se a Si mesmo, para que, alimentados por este Pão, nos amemos uns
aos outros como Ele nos amou.
Papa Bento XVI – 04 de novembro de 2012
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