sábado, 20 de junho de 2020

20 de junho - Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas. Lc 2,51

Segundo a narração da Bíblia, no cume da criação surge a mulher, quase como compêndio de toda a obra criada. De fato, encerra em si mesma a finalidade da própria criação: a geração e a conservação da vida, a comunhão com tudo, a solicitude por tudo. É o que faz Nossa Senhora no Evangelho de hoje. “Maria – conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração”. Conservava tudo: a alegria pelo nascimento de Jesus e a tristeza pela hospitalidade negada em Belém; o amor de José e a admiração dos pastores; as promessas e as incertezas quanto ao futuro. Interessava-se por tudo e, no seu coração, tudo reajustava, incluindo as adversidades. Pois, no seu coração, tudo organizava com amor e confiava tudo a Deus.

No Evangelho, esta atividade de Maria reaparece uma segunda vez: na adolescência de Jesus, diz-se que a sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração. Esta repetição faz-nos compreender que o gesto de guardar no coração não era simplesmente um ato bom que Nossa Senhora realizava de vez em quando, mas é um hábito d’Ela. É próprio da mulher tomar a peito a vida. A mulher mostra que o sentido da vida não é produzir coisas em continuação, mas tomar a peito as coisas que existem.

Só vê bem quem olha com o coração, porque sabe ver dentro: a pessoa independentemente dos seus erros, o irmão independentemente das suas fragilidades, a esperança nas dificuldades; vê Deus em tudo.

Podemos nos perguntar: Sei olhar com o coração? Sei olhar as pessoas, com o coração? Tenho a peito as pessoas com quem vivo, ou arruíno-as com as bisbilhotices? E sobretudo, no centro do coração, tenho o Senhor ou outros valores, outros interesses, a minha promoção, as riquezas, o poder?

Papa Francisco – 01 de janeiro de 2020

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