Serviço e gratuidade: eis as duas características
fundamentais que devem acompanhar o cristão a caminho ao longo daquela via,
daquele ir que sempre distingue a vida, pois um cristão não pode permanecer
parado.
O ensinamento provém do Evangelho: ali estão as
indicações de Jesus para os apóstolos que são enviados. Uma missão que, é
também a dos sucessores dos apóstolos e de cada um dos cristãos, se for enviado.
Portanto, antes de tudo, a vida cristã é abrir caminho, sempre. Não permanecer
parado. E neste ir, o que recomenda o Senhor aos seus? Curai os enfermos,
pregai dizendo que o reino dos céus está próximo, ressuscitai os mortos,
purificai os leprosos, expulsai os demônios. Isto é: uma vida de serviço.
A vida cristã consiste em servir. E é muito
triste, ver cristãos que no começo da sua conversão ou da sua consciência de
serem cristãos, servem, estão abertos ao serviço, servem o povo de Deus, e
depois, ao contrário, acabam por se servir do povo de Deus. Isto faz muito mal,
muito mal ao povo de Deus. Por conseguinte, a vocação do cristão é servir,
nunca servir-se de.
Um conceito que vai precisamente ao núcleo da
salvação: “Gratuitamente recebestes, gratuitamente dai”. A vida cristã é uma
vida de gratuidade. A partir da recomendação de Jesus aos apóstolos enviados
compreende-se claramente que a salvação não se compra; a salvação é-nos dada
gratuitamente. Deus salvou-nos, salva-nos grátis. Não nos faz pagar. Trata-se de
um princípio que Deus usou conosco e que devemos usar com os outros. E é um dos
aspetos mais bonitos saber que o Senhor tem muitos dons para nos conceder e que
ao homem pede uma só coisa: que o nosso coração se abra. Como na oração do
Pai-Nosso, na qual rezamos, abrimos o coração, para que venha esta gratuidade.
Não há relação com Deus fora da gratuidade.
Considerando esta base da vida cristã, evidencio
algumas possibilidades e incompreensões perigosas. Assim, algumas vezes, quando
temos necessidade de algo espiritual ou de uma graça, dizemos: “Mas, agora
farei jejum, uma penitência, uma novena...”. Tudo isto está bem, mas fiquemos
atentos: isto não é para “pagar” a graça, para “comprar” a graça; isto serve
para alargar o teu coração para que chegue a graça. De fato, fique claro: A
Graça é gratuita. Todos os bens de Deus são gratuitos. O problema é que o
coração se encolhe, se fecha e não é capaz de receber tanto amor, tanto amor
gratuito. Portanto tudo o que fazemos para obter algo, até uma promessa — “se
obtiver isto, farei aquilo” — isto é alargar o coração, não é comercializar com
Deus... Não. Com Deus não se negocia. Com Deus vale só a linguagem do amor, do
Pai e da gratuidade.
Papa Francisco – 19 de
junho de 2019
Hoje celebramos:
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