quinta-feira, 11 de julho de 2019

11 de julho - De graça recebestes, de graça deveis dar! Mt 10,7


Serviço e gratuidade: eis as duas características fundamentais que devem acompanhar o cristão a caminho ao longo daquela via, daquele ir que sempre distingue a vida, pois um cristão não pode permanecer parado.
O ensinamento provém do Evangelho: ali estão as indicações de Jesus para os apóstolos que são enviados. Uma missão que, é também a dos sucessores dos apóstolos e de cada um dos cristãos, se for enviado. Portanto, antes de tudo, a vida cristã é abrir caminho, sempre. Não permanecer parado. E neste ir, o que recomenda o Senhor aos seus? Curai os enfermos, pregai dizendo que o reino dos céus está próximo, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. Isto é: uma vida de serviço.

A vida cristã consiste em servir. E é muito triste, ver cristãos que no começo da sua conversão ou da sua consciência de serem cristãos, servem, estão abertos ao serviço, servem o povo de Deus, e depois, ao contrário, acabam por se servir do povo de Deus. Isto faz muito mal, muito mal ao povo de Deus. Por conseguinte, a vocação do cristão é servir, nunca servir-se de.

Um conceito que vai precisamente ao núcleo da salvação: “Gratuitamente recebestes, gratuitamente dai”. A vida cristã é uma vida de gratuidade. A partir da recomendação de Jesus aos apóstolos enviados compreende-se claramente que a salvação não se compra; a salvação é-nos dada gratuitamente. Deus salvou-nos, salva-nos grátis. Não nos faz pagar. Trata-se de um princípio que Deus usou conosco e que devemos usar com os outros. E é um dos aspetos mais bonitos saber que o Senhor tem muitos dons para nos conceder e que ao homem pede uma só coisa: que o nosso coração se abra. Como na oração do Pai-Nosso, na qual rezamos, abrimos o coração, para que venha esta gratuidade. Não há relação com Deus fora da gratuidade.

Considerando esta base da vida cristã, evidencio algumas possibilidades e incompreensões perigosas. Assim, algumas vezes, quando temos necessidade de algo espiritual ou de uma graça, dizemos: “Mas, agora farei jejum, uma penitência, uma novena...”. Tudo isto está bem, mas fiquemos atentos: isto não é para “pagar” a graça, para “comprar” a graça; isto serve para alargar o teu coração para que chegue a graça. De fato, fique claro: A Graça é gratuita. Todos os bens de Deus são gratuitos. O problema é que o coração se encolhe, se fecha e não é capaz de receber tanto amor, tanto amor gratuito. Portanto tudo o que fazemos para obter algo, até uma promessa — “se obtiver isto, farei aquilo” — isto é alargar o coração, não é comercializar com Deus... Não. Com Deus não se negocia. Com Deus vale só a linguagem do amor, do Pai e da gratuidade.

Papa Francisco – 19 de junho de 2019

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