A tradição nos diz que a Beata Lucia Bufalari nasceu
em Porchiano del Monte, uma aldeia a poucos quilômetros de Amélia, na Úmbria,
Itália, onde, em meados do século XIII, fora construído o convento dos
Agostinianos, cuja espiritualidade certamente atraiu a jovem Lúcia e também seu
irmão, João. Este ingressou no convento e logo se mudou para Rieti, onde morreu
muito jovem, e é conhecido com o nome de Beato João de Rieti.
Segundo alguns testemunhos agostinianos a jovem
Lúcia pediu a seus pais para poder entrar nas Terciárias Agostinianas "na
clausura que em Amélia tinha nossas religiosas", mas nenhuma documentação
relativa a algum convento feminino que seguisse a regra
agostiniana no século XIV em Amélia chegou até nós.
Alguns historiadores descrevem as mortificações
e penitências que a Beata se submetia, um lugar-comum em muitas vidas de
santos. O cronista agostiniano continua a falar da afabilidade da Beata,
de suas virtudes que convenceram as coirmãs a elegê-la sua prioresa, apesar de
ser uma das mais jovens. Entretanto, não temos nenhum documento contemporâneo
atestando a presença de uma comunidade estruturada de religiosas Agostinianas. Mas
podemos presumir que algum grupo de "terciárias" realmente viveu à
sombra do mosteiro masculino, pois, bem no canto do agora antigo mosteiro de
Santa Monica, sempre foi indicada pela piedade popular a cela onde a Beata
Lúcia teria vivido e morrido, e dentro da qual foi colocado um quadro de
Jacinto Gimignani que a retrata.
Sua morte teria ocorrido em 27 de julho de
1350. A Beata foi enterrada na sacristia de Santo Agostinho, em um túmulo único
e bem reconhecível, um sinal claro da devoção que cercava Lúcia. E diante do
túmulo logo começaram a florescer milagres, especialmente em favor das crianças
"enfeitiçadas”, isto é, vítimas da ação do demônio. No quadro a Beata
Lúcia expulsa o demoníaco mestre do mal.
Os registros históricos sobre a Beata aparecem
somente em 1614, quando os Anciãos da Cidade de Amélia certificaram com um ato
público que o corpo incorrupto da Beata "foi mantido na sacristia da
igreja de Santo Agostinho e foi considerado e reverenciado por todos os habitantes
da cidade como de uma santa".
Nos anos seguintes seu corpo foi exumado da
sepultura primitiva, posto em uma urna de madeira dourada e exposto sobre um
altar da igreja, onde permaneceu até 24 de abril de 1925 quando, em uma
cerimônia solene, foi colocado em uma urna nova e recolocado sob um altar da
igreja do mosteiro de Santa Monica. Ali permaneceu até maio de 2011. Então,
devido à saída das monjas e da recente indisponibilidade da igreja, foi
recolocado sob o altar da Catedral de Amélia.
O culto da Beata Lucia foi confirmado pelo Papa
Gregório XVI em 3 de agosto de 1832. A sua festa é celebrada em 27 de julho.
Ela é invocada contra a possessão diabólica.
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