quarta-feira, 10 de julho de 2019

Christus vivit: O Discernimento – O chamado do Amigo – nºs 287 a 290


Nºs 287 a 290

Para discernir a própria vocação, é preciso reconhecer que ela é o chamado de um amigo: Jesus. Aos amigos, quando se dá um presente, oferece-se o melhor; isto não significa que seja necessariamente o presente mais caro ou difícil de conseguir, mas o que – sabemos – dará alegria ao outro. Um amigo tem uma percepção tão clara disto mesmo que consegue visualizar, na sua imaginação, o sorriso do amigo ao abrir o seu presente. Este discernimento de amizade é o que proponho aos jovens como modelo se quiserem compreender qual é a vontade de Deus para a sua vida.

Quero que saibais que o Senhor, quando pensa em alguém, no que gostaria de lhe dar de presente, vê-o como seu amigo pessoal. E se decidiu presentear-te com uma graça, um carisma que te fará viver plenamente a tua vida transformando-te numa pessoa útil aos outros, em alguém que deixa uma marca na história, será certamente algo que te deixará feliz no mais íntimo de ti mesmo e te entusiasmará mais do que qualquer outra coisa neste mundo. Não, porque o dom concedido seja um carisma extraordinário ou raro, mas porque é precisamente à tua medida, à medida de toda a tua vida.

O dom da vocação será, sem dúvida, um dom exigente. Os dons de Deus são interativos e, para os desfrutar, é preciso pôr-me em campo, arriscar. Não será a exigência de um dever imposto por outro de fora, mas algo que te estimulará a crescer e a optar porque esse presente amadureça e se transforme em dom para os outros. Quando o Senhor suscita uma vocação, não pensa apenas no que és, mas em tudo o que poderás, juntamente com Ele e os outros, chegar a ser.

A energia da vida e a força da própria personalidade alimentam-se mutuamente, no interior de cada jovem, e impelem-no a ultrapassar todos os limites. A inexperiência permite que isto aconteça, embora bem depressa se transforme em experiência muitas vezes dolorosa. É importante pôr em contato este desejo do infinito de quando ainda não se tentou começar com a amizade incondicional que Jesus nos oferece. Antes de toda a lei e dever, aquilo que Jesus nos propõe escolher é um seguimento como o de amigos que se frequentam, procuram e encontram por pura amizade. Tudo o mais vem depois; e até os fracassos da vida poderão ser uma experiência inestimável de tal amizade que não se rompe jamais.


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