Nºs 287 a
290
Para
discernir a própria vocação, é preciso reconhecer que ela é o chamado de um
amigo: Jesus.
Aos amigos, quando se dá um presente, oferece-se o melhor; isto não significa
que seja necessariamente o presente mais caro ou difícil de conseguir, mas o
que – sabemos – dará alegria ao outro. Um amigo tem uma percepção tão clara
disto mesmo que consegue visualizar, na sua imaginação, o sorriso do amigo ao
abrir o seu presente. Este discernimento de amizade é o que proponho aos jovens
como modelo se quiserem compreender qual é a vontade de Deus para a sua vida.
Quero que
saibais que o Senhor, quando pensa em alguém, no que gostaria de lhe dar de presente,
vê-o como seu amigo pessoal. E se decidiu presentear-te com uma graça, um
carisma que te fará viver plenamente a tua vida transformando-te numa pessoa
útil aos outros, em alguém que deixa uma marca na história, será certamente
algo que te deixará feliz no mais íntimo de ti mesmo e te entusiasmará mais do
que qualquer outra coisa neste mundo. Não, porque o dom concedido seja um carisma
extraordinário ou raro, mas porque é precisamente à tua medida, à medida de
toda a tua vida.
O dom da
vocação será, sem dúvida, um dom exigente. Os
dons de Deus são interativos e, para os desfrutar, é preciso pôr-me em campo,
arriscar. Não será a exigência de um dever imposto por outro de fora, mas
algo que te estimulará a crescer e a optar porque esse presente amadureça e se
transforme em dom para os outros. Quando
o Senhor suscita uma vocação, não pensa apenas no que és, mas em tudo o que
poderás, juntamente com Ele e os outros, chegar a ser.
A energia da vida e a força da própria
personalidade alimentam-se mutuamente, no interior de cada jovem, e impelem-no
a ultrapassar todos os limites. A inexperiência permite que isto aconteça,
embora bem depressa se transforme em experiência muitas vezes dolorosa. É
importante pôr em contato este desejo do infinito de quando ainda não se tentou
começar com a amizade incondicional que Jesus nos oferece. Antes de toda a lei e dever, aquilo que Jesus nos propõe escolher é um
seguimento como o de amigos que se frequentam, procuram e encontram por pura
amizade. Tudo o mais vem depois; e até os fracassos da vida poderão ser uma
experiência inestimável de tal amizade que não se rompe jamais.
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