terça-feira, 16 de julho de 2019

16 de julho - Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Mt 12,50


Realmente Maria é a mulher da escuta: vemo-lo no encontro com o Anjo e vemo-lo de novo em todas as cenas da sua vida, desde as bodas de Caná, até à cruz e até ao dia do Pentecostes, quando está entre os apóstolos precisamente para acolher o Espírito. É o símbolo da abertura, da Igreja que espera a vinda do Espírito Santo.

Já no momento do anúncio podemos captar a atitude da escuta uma escuta verdadeira, uma escuta que se deve interiorizar, que não diz simplesmente sim, mas assimila a Palavra, toma a Palavra e depois fazer seguir a verdadeira obediência, como se fosse uma Palavra interiorizada, isto é, que se tornou Palavra em mim e para mim, quase forma da minha vida. Isto parece-me muito bonito: ver esta escuta ativa, isto é, uma escuta que atrai a Palavra de modo que entre e se torne em mim Palavra, refletindo-a e aceitando-a até ao íntimo do coração. Assim a Palavra torna-se encarnação.

Vemos o mesmo no Magnificat. Sabemos que é um tecido feito de palavras do Antigo Testamento. Vemos que Maria é realmente uma mulher da escuta, que conhecia no coração a Escritura. Não conhecia só alguns textos, mas identificava-se a tal ponto com a Palavra que as palavras do Antigo Testamento se tornaram, sintetizadas, um cântico no seu coração e nos seus lábios. Vemos que a sua vida estava realmente imbuída da Palavra; tinha entrado na Palavra, tinha-a assimilado e tinha-se tornado vida nela, transformando-se depois de novo em Palavra de louvor e de anúncio da grandeza de Deus.

Parece-me que São Lucas, referindo-se a Maria, diz pelo menos três vezes, talvez quatro, que assimilou e conservou no seu coração as Palavras. Era, para os Padres, o modelo da Igreja, o modelo do crente que conserva a Palavra, traz em si a Palavra; não só a lê, a interpreta com o intelecto para saber o que ela foi naquele tempo, quais são problemas filológicos. Tudo isto é interessante, importante, mas é mais importante ouvir a Palavra que deve ser conservada e que se torna Palavra em mim, vida em mim e presença do Senhor. Por isso, parece-me importante o nexo entre mariologia e teologia da Palavra, do qual falaram os Padres sinodais e do qual falaremos no documento pós-sinodal.

É óbvio: Nossa Senhora é palavra de escuta, palavra silenciosa, mas também palavra do louvor, do anúncio, porque a Palavra na escuta se torna de novo carne e assim torna-se presença da grandeza de Deus.

Papa Bento XVI – 26 de fevereiro de 2009

Hoje celebramos:

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