No centro da liturgia da palavra está uma
expressão do profeta Oseias que Jesus retoma no Evangelho: "Porque Eu
quero a misericórdia e não os sacrifícios, o conhecimento de Deus mais que os
holocaustos". Trata-se de uma palavra-chave, uma daquelas que se
introduzem no coração da Sagrada Escritura.
O contexto, no qual Jesus a utiliza, é a
vocação de Mateus, cuja profissão é "publicano", ou seja, cobrador de
impostos da parte das autoridades imperiais romanas: por isso mesmo, ele era
considerado pelos judeus um pecador público.
Chamando-o precisamente quando estava sentado
no banco dos impostos, Jesus apresentou-se na sua casa com os discípulos e
pôs-se à mesa com outros publicanos. Aos fariseus escandalizados responde: "Não
são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Porque não vim
chamar os justos, mas os pecadores”.
É tão grande a importância desta expressão do
profeta que o Senhor a cita novamente noutro contexto, a propósito da
observância do sábado. Ainda neste caso Ele assume a responsabilidade da
interpretação do mandamento, revelando-se como "Senhor" das mesmas
instituições legais. Dirigindo-se aos fariseus, acrescenta: "E, se
compreendêsseis o que significa: "Prefiro a misericórdia ao
sacrifício", não teríeis condenado os que não têm culpa".
Então, neste oráculo de Oseias, Jesus, Verbo
feito homem, reencontrou-se plenamente; fê-lo com todo o seu coração e realizou-o
com o seu comportamento, mesmo à custa de ferir a susceptibilidade dos chefes
do seu povo. Esta palavra de Deus chegou-nos, através dos Evangelhos, como uma
das sínteses de toda a mensagem cristã: a verdadeira religião consiste no
amor a Deus e ao próximo. Isto é o que dá valor ao culto e à prática dos
preceitos.
Papa Bento XVI – 08 de junho
de 2008
Hoje celebramos:
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