A Páscoa é a festa da
nova criação. Jesus ressuscitou e nunca mais morre. Arrombou a porta que dá
para uma nova vida, que já não conhece doença nem morte. Assumiu o homem no
próprio Deus.
Abriu-se uma nova
dimensão para o homem. A criação tornou-se maior e mais vasta. A Páscoa é o dia
duma nova criação, mas por isso mesmo, neste dia, a Igreja começa a liturgia
apresentando-nos a criação antiga, para aprendermos a compreender bem a nova. E
assim, na Vigília Pascal, a Liturgia da Palavra começa pela narração da criação
do mundo.
Na Vigília Pascal, a
Igreja fixa a atenção sobretudo na primeira frase da narração da criação: Deus
disse: “Faça-se a luz”!
Emblematicamente, a narração da criação começa pela criação da luz. O sol e a
lua são criados somente no quarto dia. Deste modo, priva-os propositalmente do
caráter divino que as grandes religiões lhes tinham atribuído. Não! Não são
deuses de modo algum; são corpos luminosos, criados pelo único Deus. Entretanto
já os precedera a luz, pela qual a glória de Deus se reflete na natureza do ser
que é criado.
Que pretende a
narração da criação dizer com isto? A luz torna possível a vida; torna possível
o encontro; torna possível a comunicação; torna possível o conhecimento, o
acesso à realidade, à verdade. E, tornando possível o conhecimento, possibilita
a liberdade e o progresso. O mal esconde-se. Por conseguinte, a luz aparece
também como expressão do bem, que é luminosidade e cria luminosidade. A
matéria-prima do mundo é boa; o próprio ser é bom. E o mal não vem do ser que é
criado por Deus, mas existe só em virtude da sua negação. É o “não”.
Na Páscoa, ao
amanhecer do primeiro dia da semana, Deus disse novamente: “Faça-se a luz!” “E a luz foi feita”. Jesus ressuscita do sepulcro.
A vida é mais forte que a morte. O bem é mais forte que o mal. O amor é mais
forte que o ódio. A verdade é mais forte que a mentira. A escuridão dos dias
anteriores dissipou-se no momento em que Jesus ressuscita do sepulcro e Se
torna, Ele mesmo, pura luz de Deus. Isto, porém, não se refere somente a Ele,
nem se refere apenas à escuridão daqueles dias. Com a ressurreição de Jesus, a
própria luz é novamente criada. Ele atrai-nos a todos, levando-nos atrás de Si
para a nova vida da ressurreição e vence toda a forma de escuridão. Ele é o
novo dia de Deus, que vale para todos nós.
Papa
Bento XVI – 07 de abril de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário