“O Beato Luciano Botovasoa
nos ensina a viver integralmente o Evangelho, que é o livro da vida e não da
morte, do amor e não do ódio, da fraternidade e da não discriminação. Luciano
foi morto não por ter ofendido e ultrajado o próximo, mas somente por ter
vivido como homem livre e justo. Para nós, ele deixa um grande exemplo e um
importante legado: o perdão ao próximo, mesmo o perdão aos inimigos e o convite
para viver em fraternidade e em paz com todos. É esta a única lei do Evangelho.
Esta foi a lei da vida do Beato Luciano Botovasoa”.
Cardeal
Angelo Amato
Luciano Botovasoa
nasceu em 1908 em Vohipeno, na Província de Fianarantsoa, uma pequena cidade
perto da costa sudeste de Madagascar, onde os missionários chegaram em 1899.
Primeiro de nove
filhos, frequentou o Colégio São José de Ambozontany, dirigido pela Companhia
de Jesus, sendo batizado aos 14 anos na paróquia de Vohipeno em 15 de abril de
1922, Domingo de Páscoa.
No mesmo dia ele
fez sua Primeira Comunhão e no ano seguinte recebeu a Confirmação.
Em 1928, ao
concluir os estudos, obteve o diploma de habilitação ao ensino e, já no mês de
outubro do mesmo ano, tornou-se professor paroquial de Vohipeno, fazendo seu o
lema da Companhia de Jesus: Ad maiorem Dei gloriam.(Para a maior glória de
Deus)
Em 10 de outubro de
1930, casou-se com Suzanne Soazana na igreja paroquial de Vohipeno e, em 2 de
setembro do ano seguinte, nasceu Vincent de Paul Hermann, o primeiro dos seus
oito filhos, dos quais apenas cinco sobreviveram. O Beato não é somente
professor do vilarejo, mas também é atuante na paróquia. É excelente educador,
conhece, além do malgaxe, várias outras línguas: francês, latim, inglês,
alemão, chinês. É músico excepcional e cantor reconhecido, tornando-se
responsável pelo coro paroquial, generoso e disponível para com os
necessitados. É também atleta, e é descrito como sempre sorridente e alegre.
Em 1940, o Beato se
aprofunda na Regra da Ordem Terceira Franciscana, que se torna seu texto de
estudo e meditação, até fazê-lo assumir tal caminho no seguimento de Cristo,
com a vestição do hábito da Ordem Terceira de São Francisco em 8 de dezembro de
1944. Inicia, assim, a levar uma vida pobre, na espiritualidade franciscana,
caracterizada por profunda piedade e pelo desejo ardente de difundir o
Evangelho em toda parte.
Após a Segunda
Guerra Mundial, nos anos 1946-1947, cresce em Madagascar o desejo de
independência da França. Em relação à região onde vive o bem-aventurado em
1946, Tsimihoño tornara-se Rei (Mpanjaka) do Clã de Ambohimanarivo, apoiador
dos grupos separatistas. Também em Vohipeno, o embate entre as duas facções
opostas gera atos de violência. Em 30 de março de 1947, Domingo de Ramos, as
igrejas foram incendiadas e começou a perseguição aos cristãos.
O Rei Tsimihoño,
levando em conta o respeito que o povo de Vohipeno, católicos ou não, tinha
pelo “professor cristão” Luciano Botovasoa, planejou capturá-lo fazendo com que
voltasse ao vilarejo, ameaçando assassinar sua família, caso não obedecesse às
suas ordens.
O bem-aventurado,
ciente do que estava prestes a acontecer, confiou ao irmão sua esposa e seus
filhos, e regressou a Vohipieno.
Por volta das 21
horas de 17 de abril de 1947, seu irmão André e dois primos, sob ameaça de
morte, foram incumbidos de prendê-lo. Conduzido à casa do Rei Tsimihoño sem um
processo oficial, foi condenado à morte. Levado para a margem do rio, Luciano
reza, dizendo:
"Meu Deus,
perdoe meus irmãos. Que meu sangue derramado por terra seja para a salvação da
minha pátria".
Ele foi decapitado
e o corpo jogado no rio. Morre mártir de sua fé, seguindo o exemplo de Jesus, o
Divino Mestre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário