N.ºs 12 a 21
O Filho mais jovem – Jesus conta uma
parábola (Lc 15, 11-33) que o filho mais jovem quis partir da casa paterna
para um país distante. Mas, os seus sonhos de autonomia transformaram-se em
libertinagem e devassidão, e provou a dureza da solidão e da pobreza. Todavia,
foi capaz de reconsiderar e começar de novo: decidiu levantar-se. É típico do
coração jovem estar disposto a mudar, ser capaz de levantar-se e deixar-se
instruir pela vida. Como não acompanhar o filho nesta nova tentativa? Mas o
irmão mais velho já tinha o coração envelhecido e deixou-se possuir pela
ganância, o egoísmo e a inveja. Jesus louva mais o jovem pecador que retoma o
bom caminho do que aquele que se julga fiel, mas não vive o espírito do amor e
da misericórdia.
Homem novo - Jesus, o
eternamente jovem, quer dar-nos um coração sempre jovem, assim nos convida a
despojar-nos do homem velho para nos revestirmos do homem novo (Col 3,
9.10), do homem jovem. E, quando quer explicar o que é revestir-se desta
juventude que «não cessa de se renovar, diz que significa ter sentimentos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão,
de paciência, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente, se
alguém tiver razão de queixa contra outro. Isto significa que a verdadeira
juventude é ter um coração capaz de amar.
Notemos que Jesus não
gostava que os adultos olhassem com desprezo para os mais jovens ou os
mantivessem, despoticamente, ao seu serviço. Pelo contrário, pedia: O que for maior entre vós seja como o menor
(Lc 22, 26). Para Ele, a idade não estabelecia privilégios; e o fato de
alguém ter menos anos não significava que valesse menos ou tivesse menor
dignidade.
Jovens - A Palavra de Deus diz que os jovens devem ser tratados como irmãos
(ITm 5, 1), e recomenda aos pais: Não
irriteis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo (Col 3, 21).
Um jovem não pode estar desanimado; é próprio dele sonhar coisas grandes,
buscar horizontes amplos, ousar mais, ter vontade de conquistar o mundo, ser capaz
de aceitar propostas desafiadoras e desejar contribuir com o melhor de si mesmo
para construir algo superior. Por isso, insisto com os jovens para não deixar
que lhes roubem a esperança, repetindo a cada um: Ninguém escarneça da tua juventude (ITm 4, 12).
Respeito pelos idosos - Ao mesmo
tempo, porém, recomenda-se aos jovens: Sede submissos aos anciãos (IPed 5,
5). A Bíblia sempre convida a um respeito profundo pelos idosos, porque abrigam
um tesouro de experiência, experimentaram os êxitos e os fracassos, as alegrias
e as grandes tribulações da vida, as esperanças e as desilusões, e, no silêncio
do seu coração, guardam tantas histórias que nos podem. Um jovem sábio abre-se
ao futuro, mas permanece capaz de valorizar algo da experiência dos outros.
O homem rico – Um jovem aparece e,
ao ouvir Jesus recordar-lhe os mandamentos, exclama: Tenho cumprido tudo isso desde a minha juventude (Mc 10, 20). Já o
dizia o Salmo 71: Tu és a minha
esperança, ó Senhor Deus, e a minha confiança desde a juventude. Instruíste-me, ó Deus, desde a minha
juventude e até hoje anunciei sempre as tuas maravilhas. Nunca nos
arrependeremos de gastar a própria juventude a fazer o bem, abrindo o coração
ao Senhor e vivendo contracorrente. De tudo isto, nada nos tira a juventude,
antes fortalece-a e renova-a. Por isso, Santo Agostinho lamentava-se: Tarde Vos amei, ó beleza tão antiga e tão
nova! Tarde Vos amei! Mas aquele
homem rico, que fora fiel a Deus na sua juventude, deixou que os anos lhe
roubassem os sonhos, preferindo ficar agarrado aos seus bens.
O jovem rico - Entretanto, na
passagem paralela do Evangelho de Mateus, aparece um jovem (Mt 19, 20-22)
que se aproxima de Jesus desejoso de mais, com aquele espírito aberto típico
dos jovens, que busca novos horizontes e grandes desafios. Na realidade, o seu
espírito já não era assim tão jovem, porque se apegara às riquezas e
comodidades. Com a boca, dizia querer algo mais, mas, quando Jesus lhe pede
para ser generoso e distribuir os seus bens, deu-se conta de que não era capaz
de desprender-se do que possuía. Ao
ouvir isto, o jovem retirou-se contristado. Renunciara à sua juventude.
Jovens vigilantes - enquanto outras
viviam distraídas e adormentadas (Mt 25, 1-13). É possível transcorrer a
própria juventude distraído, planando à superfície da vida, dormindo, incapaz
de cultivar relações profundas e entrar no coração da vida; deste modo, porém,
prepara-se um futuro pobre, sem substância. Ou, pelo contrário, pode-se gastar
a juventude cultivando coisas nobres e grandes e, assim, preparar um futuro
cheio de vida e riqueza interior.
Jovem morto - Se perdeste o
vigor interior, os sonhos, o entusiasmo, a esperança e a generosidade, diante
de ti está Jesus, como parou diante do filho morto da viúva, e o Senhor, com
todo o seu poder de Ressuscitado, exorta-te: Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te! (Lc 7, 14).
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