terça-feira, 30 de abril de 2019

30 de abril - Santa Maria da Encarnação (Maria Guyart)


Maria da Encarnação (Maria Guyart) foi chamada “Mãe da Igreja Católica do Canadá”.

Aos 17 anos casa-se com Claude Martin; aos 18 anos é mãe; aos 20 anos, fica viúva. Maria recusa um segundo casamento que lhe propõem os pais e, aos 32 anos, entra no mosteiro das Ursulinas de Tours. Deus levou-a a compreender a fealdade do pecado e a necessidade da redenção.

Tendo profunda devoção ao Coração de Jesus e meditando assiduamente o mistério da Encarnação, ela leva à maturidade a sua vocação missionária: O meu corpo estava no nosso mosteiro, escreverá ela na sua autobiografia, mas o meu espírito não podia estar encerrado. O Espírito de Jesus levava-me à Índias, ao Japão, à América, ao Oriente, ao Ocidente, às paragens do Canadá e dos Hurões, e a toda a terra habitável onde houvesse almas racionais que eu via pertencerem a Jesus Cristo”.
Em 1639, está ela no Canadá. É a primeira Irmã francesa missionária. O seu apostolado catequético em favor dos indígenas é infatigável: compõe um catecismo na língua dos Hurões, outro na dos Iroqueses e um terceiro na dos Algonquins.

Alma profundamente contemplativa, comprometida, todavia, na ação apostólica, faz o voto de “procurar a maior glória de Deus em tudo o que seja de maior santificação”, e em maio de 1653 oferece-se interiormente em holocausto a Deus pelo bem do Canadá.

Mestra de vida espiritual, a ponto de Bossuet a definir como a Teresa do Novo Mundo, promotora de obras evangelizadoras, Maria da Encarnação une em si, de maneira admirável, a contemplação e a ação. Nela a mulher cristã realizou-se plenamente e com raro equilíbrio, nos seus diversos estados de vida: esposa, mãe, viúva, diretora de empresa, religiosa, mística, missionária, isto sempre na fidelidade a Cristo, sempre em união estreita com Deus.

Papa João Paulo II - Homilia de Beatificação – 22 de junho de 1980

Filha de um mestre padeiro, Florêncio Guyart, e de Joana Michelet, Maria Guyart, nasceu em Tours, França, no dia 28 de outubro de 1599.
Dotada de grande memória, sobretudo para as coisas de Deus, ainda criança repetia, no final da Missa, a homilia escutada com toda a atenção. Aos sete anos, depois de uma experiência mística, manifestou o desejo de ser religiosa. Mas os pais casaram-na aos dezessete anos com Cláudio Martin, fabricante de sedas. Têm um filho e, aos vinte anos, enviuvou.

Após pagar as dívidas do marido, que entrara em falência, fez-se bordadeira; e novamente sente o desejo de se consagrar totalmente a Deus. Vai para casa da irmã e trabalha numa empresa de transportes terrestres e marítimos dirigida pelo cunhado. Rapidamente chega a chefe de administração, coisa bastante inusitada na época.

Embora empenhadíssima nas suas várias atividades, Maria mantém sempre uma estreita visão de Deus em uma vida ativa e contemplativa. Mas o antigo sonho continua vivo em sua alma e, no dia 21 de janeiro de 1631, ingressou no convento das Ursulinas de Tours, depois de entregar o filho aos cuidados da irmã.

Quem não ficou satisfeito foi o pequeno que rodeado de uma chusma de colegas pensa ir libertar a mãe, mas nem puderam entrar. Quando adulto, fez-se beneditino e entendeu o procedimento daquela de quem foi o primeiro biógrafo, já que tinha conhecido seu misticismo e suas virtudes.

Maria Guyart tomou o véu em 25 de março de 1631, com o nome de Maria da Encarnação; e professou em 25 de janeiro de 1633. Foi logo indicada para Mestra de Noviças.

Em 1622, o Papa Gregório XV havia instituído a Congregação de “Propaganda Fide” para ajudar os missionários que partiam para as terras longínquas, especialmente o Novo Mundo.

Iluminada por um sonho, Maria percebe que o Senhor a deseja no Canadá. Iniciou uma correspondência com os missionários jesuítas do Canadá, e em 1639 entrou em contato com Madame de la Peltrie, uma viúva de Alençon, que pensava fundar um convento em Quebec para a educação das meninas índias.

Em 22 de fevereiro de 1639, Maria deixou Tours e foi para Paris, na companhia da jovem Irmã Maria de S. José, preparando-se para a fundação. Depois de tormentosa viagem, chegou finalmente à terra do seu destino, onde encontrou uma epidemia de varíola. É a primeira missionária dessa região. Sem nada temer, lança-se na evangelização dos índios cujas línguas aprende rapidamente. Ensina os pequenos por meio de catecismos que ela própria traduziu – um na língua dos Hurões, outro na dos Iroqueses e ainda outro na dos Algonquins – depois de compor vários dicionários daqueles dialetos.

Nos anos de 1642 a 1649, oito missionários foram martirizados e, diante do perigo, convidaram Maria a voltar para a França, mas ela não quis abandonar o Canadá. Depois de construir o convento, em 1642, dirige-o, com uma competência assombrosa, e aí permaneceu por trinta anos. Em maio de 1653 foi inspirada a se oferecer em holocausto a Deus para o bem daquela terra.

Seu dinamismo apostólico não lhe roubava o espírito contemplativo nem o tempo de oração. Em 1669, foi dispensada da responsabilidade de Superiora devido suas condições de saúde, que continuaram a agravar-se, e, no dia 30 de abril de 1672, faleceu em Quebec, aquela que foi exemplar como esposa, mãe, viúva, diretora de empresa, freira, mística, missionária, mestra de religiosas, numa mescla admirável de dotes naturais e divinos, deixando uma comunidade de cerca de 30 religiosas, das quais se originou as Ursulinas do Canadá.

As suas relíquias repousam no Oratório da Capela das Ursulinas de Quebec e por seu papel de mestra de vida espiritual e promotora das obras evangelizadoras goza de tal estima na história canadense, que é considerada a “mãe” da Igreja Católica do Canadá.

Madre Maria da Encarnação Guyart foi beatificada em 22 de junho de 1980, pelo Papa João Paulo II e canonizada pelo Papa Francisco em 03 de abril de 2014.


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