Maria da Encarnação (Maria Guyart) foi chamada “Mãe da Igreja
Católica do Canadá”.
Aos 17 anos casa-se com Claude Martin; aos 18 anos é mãe; aos 20 anos, fica viúva. Maria recusa um segundo casamento que lhe propõem os pais e, aos 32 anos, entra no mosteiro das Ursulinas de Tours. Deus levou-a a compreender a fealdade do pecado e a necessidade da redenção.
Aos 17 anos casa-se com Claude Martin; aos 18 anos é mãe; aos 20 anos, fica viúva. Maria recusa um segundo casamento que lhe propõem os pais e, aos 32 anos, entra no mosteiro das Ursulinas de Tours. Deus levou-a a compreender a fealdade do pecado e a necessidade da redenção.
Tendo profunda
devoção ao Coração de Jesus e meditando assiduamente o mistério da Encarnação, ela
leva à maturidade a sua vocação missionária: “O meu corpo estava no nosso
mosteiro, escreverá ela na sua autobiografia, mas o meu espírito não podia
estar encerrado. O Espírito de Jesus levava-me à Índias, ao Japão, à América,
ao Oriente, ao Ocidente, às paragens do Canadá e dos Hurões, e a toda a terra
habitável onde houvesse almas racionais que eu via pertencerem a Jesus Cristo”.
Em 1639, está ela no
Canadá. É a primeira Irmã francesa missionária. O seu apostolado catequético em
favor dos indígenas é infatigável: compõe um catecismo na língua dos Hurões,
outro na dos Iroqueses e um terceiro na dos Algonquins.
Alma profundamente contemplativa, comprometida, todavia, na ação apostólica, faz o voto de “procurar a maior glória de Deus em tudo o que seja de maior santificação”, e em maio de 1653 oferece-se interiormente em holocausto a Deus pelo bem do Canadá.
Mestra de vida espiritual, a ponto de Bossuet a definir como a Teresa do Novo Mundo, promotora de obras evangelizadoras, Maria da Encarnação une em si, de maneira admirável, a contemplação e a ação. Nela a mulher cristã realizou-se plenamente e com raro equilíbrio, nos seus diversos estados de vida: esposa, mãe, viúva, diretora de empresa, religiosa, mística, missionária, isto sempre na fidelidade a Cristo, sempre em união estreita com Deus.
Papa
João Paulo II - Homilia de Beatificação – 22 de junho de 1980
Filha de um mestre
padeiro, Florêncio Guyart, e de Joana Michelet, Maria Guyart, nasceu
em Tours, França, no dia 28 de outubro de 1599.
Dotada de grande
memória, sobretudo para as coisas de Deus, ainda criança repetia, no final da
Missa, a homilia escutada com toda a atenção. Aos sete anos, depois de uma
experiência mística, manifestou o desejo de ser religiosa. Mas os pais
casaram-na aos dezessete anos com Cláudio Martin, fabricante de sedas. Têm um
filho e, aos vinte anos, enviuvou.
Após pagar as dívidas
do marido, que entrara em falência, fez-se bordadeira; e novamente sente o
desejo de se consagrar totalmente a Deus. Vai para casa da irmã e trabalha numa
empresa de transportes terrestres e marítimos dirigida pelo cunhado.
Rapidamente chega a chefe de administração, coisa bastante inusitada na época.
Embora empenhadíssima
nas suas várias atividades, Maria mantém sempre uma estreita visão de Deus em
uma vida ativa e contemplativa. Mas o antigo sonho continua vivo em sua alma e,
no dia 21 de janeiro de 1631, ingressou no convento das Ursulinas de Tours,
depois de entregar o filho aos cuidados da irmã.
Quem não ficou
satisfeito foi o pequeno que rodeado de uma chusma de colegas pensa ir libertar
a mãe, mas nem puderam entrar. Quando adulto, fez-se beneditino e entendeu o
procedimento daquela de quem foi o primeiro biógrafo, já que tinha conhecido
seu misticismo e suas virtudes.
Maria Guyart tomou o
véu em 25 de março de 1631, com o nome de Maria da Encarnação; e professou em
25 de janeiro de 1633. Foi logo indicada para Mestra de Noviças.
Em 1622, o Papa
Gregório XV havia instituído a Congregação de “Propaganda Fide” para ajudar os
missionários que partiam para as terras longínquas, especialmente o Novo Mundo.
Iluminada por um
sonho, Maria percebe que o Senhor a deseja no Canadá. Iniciou uma
correspondência com os missionários jesuítas do Canadá, e em 1639 entrou em
contato com Madame de la Peltrie, uma viúva de Alençon, que pensava fundar
um convento em Quebec para a educação das meninas índias.
Em 22 de fevereiro de
1639, Maria deixou Tours e foi para Paris, na companhia da jovem Irmã Maria de
S. José, preparando-se para a fundação. Depois de tormentosa viagem, chegou
finalmente à terra do seu destino, onde encontrou uma epidemia de varíola. É a
primeira missionária dessa região. Sem nada temer, lança-se na evangelização
dos índios cujas línguas aprende rapidamente. Ensina os pequenos por meio de
catecismos que ela própria traduziu – um na língua dos Hurões, outro na dos
Iroqueses e ainda outro na dos Algonquins – depois de compor vários dicionários
daqueles dialetos.
Nos anos de 1642 a
1649, oito missionários foram martirizados e, diante do perigo, convidaram
Maria a voltar para a França, mas ela não quis abandonar o Canadá. Depois de
construir o convento, em 1642, dirige-o, com uma competência assombrosa, e aí
permaneceu por trinta anos. Em maio de 1653 foi inspirada a se oferecer em
holocausto a Deus para o bem daquela terra.
Seu dinamismo
apostólico não lhe roubava o espírito contemplativo nem o tempo de oração. Em
1669, foi dispensada da responsabilidade de Superiora devido suas condições de
saúde, que continuaram a agravar-se, e, no dia 30 de abril de 1672, faleceu em
Quebec, aquela que foi exemplar como esposa, mãe, viúva, diretora de empresa,
freira, mística, missionária, mestra de religiosas, numa mescla admirável de
dotes naturais e divinos, deixando uma comunidade de cerca de 30 religiosas,
das quais se originou as Ursulinas do Canadá.
As suas relíquias
repousam no Oratório da Capela das Ursulinas de Quebec e por seu papel de
mestra de vida espiritual e promotora das obras evangelizadoras goza de tal
estima na história canadense, que é considerada a “mãe” da Igreja Católica do
Canadá.
Madre Maria da
Encarnação Guyart foi beatificada em 22 de junho de 1980, pelo Papa João Paulo
II e canonizada pelo Papa Francisco em 03 de abril de 2014.
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