Enquanto está a
ensinar no Templo, os escribas e os fariseus conduzem a Jesus uma mulher
surpreendida em adultério, para a qual a lei mosaica previa a lapidação.
Aqueles homens pedem a Jesus que julguem a pecadora com a finalidade de "o
pôr à prova" e de o levar a dar um passo falso.
A cena é cheia de
dramaticidade: das palavras de Jesus depende a vida daquela pessoa, mas também
a sua própria vida. De fato, os acusadores hipócritas fingem confiar-lhe o
julgamento, enquanto na realidade é precisamente Ele quem querem acusar e
julgar. Ao contrário, Jesus está cheio de graça e de verdade: Ele sabe o que
está no coração de cada homem, deseja condenar o pecado, mas salvar o pecador,
e desmascarar a hipocrisia. São João dá realce a um pormenor: enquanto os
acusadores o interrogam com insistência, Jesus inclina-se e põe-se a escrever
com o dedo no chão. Observa Santo Agostinho que aquele gesto mostra Cristo como
o legislador divino: de fato, Deus escreveu a lei com o seu dedo nas tábuas de
pedra. Portanto Jesus é o Legislador, é a Justiça em pessoa. E qual é a sua
sentença? "Quem de vós estiver sem
pecado seja o primeiro a lançar uma pedra". Estas palavras estão
cheias da força desarmante da verdade, que abate o muro da hipocrisia e abre as
consciências a uma justiça maior, a do amor, no qual consiste o pleno
cumprimento de cada preceito.
Quando os acusadores foram
saindo um por um, a começar pelos mais velhos, Jesus, absolvendo a mulher do
seu pecado, introduziu-a numa vida nova, orientada para o bem: "Nem Eu te condeno; vai e doravante
não tornes a pecar". Deus deseja para nós apenas o bem e a vida; Ele
provê à saúde da nossa alma por meio dos seus ministros, libertando-nos do mal
com o Sacramento da Reconciliação, para que ninguém se perca, mas todos tenham
a ocasião de se converter.
Queridos amigos,
aprendamos do Senhor Jesus a não julgar e a não condenar o próximo. Aprendamos
a ser intransigentes com o pecado – a partir do nosso! – e
indulgentes com as pessoas.
Papa
Bento XVI – 21 de março de 2010
Hoje celebramos:
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