Hoje entramos na ‘grande Semana’, fazendo memória dos últimos acontecimentos
da vida de Jesus. Os textos litúrgicos dão a este Domingo dois títulos: de Ramos e da Paixão.
Nisso, se reflete a história que deu origem aos ritos e se destacam duas
dimensões não só da Semana Santa, mas da fé: a Realeza de Cristo e seu sofrimento. São os dois componentes
do Mistério pascal: a paixão e morte, e a exaltação messiânica do Senhor.
Os dois ritos têm
origem nas Igrejas de Jerusalém e de Roma. Desde o IV século, a Igreja de
Jerusalém recordava a entrada triunfal de Jesus na cidade santa realizada
segundo a profecia de Zacarias: “Agora o
teu rei está chegando, justo e vitorioso. Ele é pobre, vem montando num
jumento” (Zc 9,9).
O título “da Paixão”
dado também a este domingo, vem da Igreja de Roma que, neste dia, focalizava a
memória da Paixão do Senhor. Orações e leituras mantêm este trato e a leitura
do Evangelho da Paixão é o momento mais significativo da liturgia deste domingo.
Não sabemos ao certo
quando as duas diferentes tradições litúrgicas se uniram, mas foram acolhidas
reciprocamente pelas duas grandes Igrejas e suas tradições litúrgicas. Com
certeza, já na primeira metade do século VII, na Espanha, isso acontecia, como
testemunha santo Isidoro de Sevilha.
A procissão de ramos,
ao longo dos séculos e nas diferentes tradições litúrgicas, recebeu sempre mais
solenidade e participação popular.
Todas as orações da
missa deste domingo (Oração de Coleta, Sobre as Oferendas, depois da Comunhão e
o Prefácio) destacam e unem o mistério da morte com o evento da ressurreição,
como no prefácio que diz: “Sua morte
apagou nossos pecados, sua ressurreição nos trouxe vida nova”. Ou ainda
como escreveu Paulo na II leitura da carta aos Filipenses: “De fato, o Pai, ‘exaltou’ (ressuscitou) o
Filho Jesus Cristo, e agora ‘toda língua’ proclame que Ele é ‘o Senhor’.
“Iluminados e
orientados pela espiritualidade da liturgia, vivamos a Semana Santa neste
equilíbrio entre morte e vida, sacrifício e solidariedade, empenho e esperança,
sofrimento e amor. Cientes de que a morte de Jesus é expressão de seu grande
amor, e que a ressurreição é a luz que se irradia em todos os dias não só da
Semana, mas de toda a nossa vida”.
Dom
Armando Bucciol - Presidente da Comissão para a Liturgia
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