Nºs 81 a 85
Os jovens reconhecem que o corpo e a sexualidade são
essenciais para a sua vida e para o crescimento da sua identidade.
Mas, num mundo que destaca excessivamente a sexualidade, é difícil manter uma
boa relação com o próprio corpo e viver serenamente as relações afetivas. Por
esta e outras razões, a moral sexual é frequentemente causa de incompreensão e
alheamento da Igreja, pois é sentida como um espaço de julgamento e condenação.
Ao mesmo tempo, os jovens expressam de maneira explícita o desejo de se
confrontar sobre as questões relativas à diferença entre identidade masculina e
feminina, à reciprocidade entre homens e mulheres, e à homossexualidade.
No nosso tempo, os
progressos da ciência e das tecnologias biomédicas incidem fortemente na percepção
do corpo, induzindo a pensar que se pode modificar sem limites. A capacidade de
intervir no DNA, a possibilidade de inserir elementos artificiais no organismo
(cyborg) e o desenvolvimento das neurociências constituem um grande recurso,
mas ao mesmo tempo levantam questões antropológicas e éticas. Podem levar-nos a esquecer que a vida é um
dom, que somos seres criados e limitados, podendo facilmente ser
instrumentalizados por quem detém o poder tecnológico.
Além disso, em alguns
contextos juvenis, difunde-se a atração por comportamentos de risco como
instrumento para explorar a si mesmo, procurar emoções fortes e obter
reconhecimento. Estes fenômenos, a que estão expostas as novas gerações,
constituem um obstáculo para o amadurecimento sereno.
Nos jovens,
encontramos também, gravados na alma, os golpes recebidos, os fracassos, as
recordações tristes. Muitas vezes são as
feridas das derrotas da sua própria história, dos desejos frustrados, das
discriminações e injustiças sofridas, de não se ter sentido amado ou
reconhecido.
Além disso, temos as
feridas morais, o peso dos próprios erros, o sentido de culpa por ter errado. Jesus faz-Se presente nestas cruzes dos
jovens, para lhes oferecer a sua amizade, o seu alívio, a sua companhia sanadora,
e a Igreja quer ser instrumento d’Ele neste percurso rumo à cura interior e à
paz do coração.
Em alguns jovens,
reconhecemos um desejo de Deus, embora não possua todos os delineamentos do
Deus revelado. Em outros, podemos vislumbrar um sonho de fraternidade, o que já
não é pouco. Em muitos, existe um desejo real de desenvolver as capacidades de
que são dotados para oferecerem algo ao mundo. Em alguns, vemos uma
sensibilidade artística especial, ou uma busca de harmonia com a natureza. Em outros,
pode haver uma grande necessidade de comunicação. Em muitos deles, encontramos
o desejo profundo de uma vida diferente. Trata-se
de verdadeiros pontos de partida, energias interiores que aguardam,
disponíveis, uma palavra de estímulo, luz e encorajamento.
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