quarta-feira, 3 de abril de 2019

03 de abril - Em verdade, em verdade vos digo, quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, possui a vida eterna. Jo 5,24


Somente Deus tem a vida em si, só Ele é a vida. A nossa vida é participada, concedida, e por isso o homem só pode alcançar a vida eterna graças à particular relação que o Criador lhe permitiu ter consigo mesmo. Mas Deus, vendo o afastamento de si por parte do homem, deu mais um passo, criou uma nova relação entre si mesmo e nós, da qual nos fala a segunda leitura da Liturgia de hoje. Ele, Cristo, "entregou a sua vida por nós".

Se Deus, escreve São João, nos amou gratuitamente, também nós podemos, e, portanto, devemos deixar-nos envolver por este movimento oblativo, e fazer de nós mesmos um dom gratuito pelos outros. Desta maneira, conhecemos Deus do mesmo modo como somos por Ele conhecidos; desta forma, permanecemos nele como Ele desejou permanecer em nós, e passamos da morte para a vida, como Jesus Cristo, que derrotou a morte mediante a sua Ressurreição, graças ao poder glorioso do amor do Pai celestial.

O mundo considera afortunado quem vive prolongadamente, mas Deus, mais do que a idade, visa a retidão do coração. O mundo dá crédito aos "sábios" e aos "doutos", enquanto Deus privilegia os "pequeninos". O ensinamento geral que deriva disto é que existem duas dimensões do real:  uma mais profunda, verdadeira e eterna, a outra caracterizada pelo limite, pela provisoriedade e pela aparência. Pois bem, é importante ressaltar que estas duas dimensões não são postas em simples sucessão temporal, como se a vida autêntica começasse somente depois da morte. Na realidade, a vida verdadeira, a vida eterna, começa já neste mundo, apesar da precariedade das vicissitudes da história; a vida eterna começa na medida em que nos abrimos ao mistério de Deus e o acolhemos no meio de nós. Deus é o Senhor da vida e é n'Ele "que vivemos, nos movemos e existimos". 


Papa Bento XVI – 03 de novembro de 2008

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