Somente Deus tem a
vida em si, só Ele é a vida. A nossa vida é participada, concedida, e por isso
o homem só pode alcançar a vida eterna graças à particular relação que o
Criador lhe permitiu ter consigo mesmo. Mas Deus, vendo o afastamento de si por
parte do homem, deu mais um passo, criou uma nova relação entre si mesmo e nós,
da qual nos fala a segunda leitura da Liturgia de hoje. Ele, Cristo, "entregou
a sua vida por nós".
Se Deus, escreve São
João, nos amou gratuitamente, também nós podemos, e, portanto, devemos
deixar-nos envolver por este movimento oblativo, e fazer de nós mesmos um dom
gratuito pelos outros. Desta maneira, conhecemos Deus do mesmo modo como somos
por Ele conhecidos; desta forma, permanecemos nele como Ele desejou permanecer
em nós, e passamos da morte para a vida, como Jesus Cristo, que derrotou a
morte mediante a sua Ressurreição, graças ao poder glorioso do amor do Pai
celestial.
O mundo considera
afortunado quem vive prolongadamente, mas Deus, mais do que a idade, visa a retidão
do coração. O mundo dá crédito aos "sábios" e aos "doutos",
enquanto Deus privilegia os "pequeninos". O ensinamento geral que deriva
disto é que existem duas dimensões do real: uma mais profunda, verdadeira
e eterna, a outra caracterizada pelo limite, pela provisoriedade e pela
aparência. Pois bem, é importante ressaltar que estas duas dimensões não são
postas em simples sucessão temporal, como se a vida autêntica começasse somente
depois da morte. Na realidade, a vida verdadeira, a vida eterna, começa já
neste mundo, apesar da precariedade das vicissitudes da história; a vida eterna
começa na medida em que nos abrimos ao mistério de Deus e o acolhemos no meio
de nós. Deus é o Senhor da vida e é n'Ele "que vivemos, nos movemos e
existimos".
Papa
Bento XVI – 03 de novembro de 2008
Hoje celebramos:
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