A Amazônia é um todo plurinacional interligado,
um grande bioma partilhado por nove países: Brasil, Bolívia, Colômbia,
Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa. Todavia
dirijo esta Exortação ao mundo inteiro. Faço-o, por um lado, para ajudar a
despertar a estima e solicitude por esta terra, que também é “nossa”,
convidando-o a admirá-la e reconhecê-la como um mistério sagrado; e, por outro,
porque a atenção da Igreja às problemáticas deste território obriga-nos a
retomar brevemente algumas questões que não devemos esquecer e que podem servir
de inspiração para outras regiões da terra enfrentarem os seus próprios
desafios.
Tudo o que a Igreja oferece deve encarnar-se de
maneira original em cada lugar do mundo, para que a Esposa de Cristo adquira
rostos multiformes que manifestem melhor a riqueza inesgotável da graça. Deve
encarnar-se a pregação, deve encarnar-se a espiritualidade, devem encarnar-se
as estruturas da Igreja. Por isso, nesta breve Exortação, ouso humildemente
formular quatro grandes sonhos que a Amazônia me inspira:
- Sonho com uma Amazônia que lute pelos
direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz
seja ouvida e sua dignidade promovida.
- Sonho com uma Amazônia que preserve a
riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a
beleza humana.
- Sonho com uma Amazônia que guarde
zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que
enche os seus rios e as suas florestas.
- Sonho com comunidades cristãs capazes de
se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos
com traços amazônicos.
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