Alfredo nasceu em Ripalta Cuerina, diocese de
Cremona, em 16 de maio de 1902. Desde pequeno, foi acometido pela doença de
linfatismo, que parecia que iria levá-lo à morte em breve tempo. Pelo
contrário, por intermédio de Santa Teresina do Menino Jesus, como ele mesmo
afirma, ficou completamente curado.
Esta intervenção milagrosa suscitou no menino o
desejo de tornar-se missionário, apóstolo do Evangelho entre os não cristãos.
Alfredo foi ordenado sacerdote aos 23 anos de
idade, em 12 de outubro de 1924, e, durante um ano, foi professor no Seminário
de Gênova. A seguir, realizando seu sonho, foi enviado como missionário a
Taungngu, na Birmânia. Ao despedir-se de seus pais, disse-lhes: "nos
vemos no Paraíso", pensando que nunca mais voltaria para casa,
para seguir sua vocação de apóstolo do Evangelho. De fato, ele nunca mais
regressou ao seu país.
Após dez anos, escreve:
“Minhas pobres pernas já penam demais
para subir essas árduas montanhas. Quando caminho uma semana, passo por tantas
doenças que, ao voltar, maravilho-me por ficar ainda de pé. E tenho somente 35
anos! É uma vergonha, não é? Ser tão fraco com esta idade.
Talvez a culpa seja do clima; talvez da
comida, talvez das demais preocupações.
Mas é, sobretudo, culpa de minha
irremediável pobreza.
Continuo fazendo furos no cinto de minha
calça e renuncio a um montão de coisas, convencendo-me que são inúteis. Somos
verdadeiramente nada, nós, missionários. O nosso é o mais misterioso e
maravilhoso trabalho confiado ao homem, não a fazer, mas para vivê-lo. Entrever
algumas almas converter-se é o maior de todos os milagres”.
E assim continua suas “peregrinações apostólicas”, aceitando que Deus o plasme, agindo, não somente por fora, mas também no seu interior. De fato, mesmo com suas crises interiores, consegue ser sempre prestativo, feliz: irradia tanta alegria e serenidade, que as pessoas o chamam de “o sorriso da missão”.
Na Birmânia, Padre Alfredo enfrentou grandes
dificuldades em seu trabalho pastoral. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi
transferido para Moshò, no norte do país, onde, por muito tempo, não tinha
quase nada para comer. Por isso, correu, várias vezes, perigo de vida, mas
nunca desanimou.
“Faz seis anos que estou forçado ao
silêncio. A guerra tem sido longa e o desafio, extremamente árduo. Nunca tive
uma gota de óleo para tempero; não se viu mais pão; por anos nos faltou açúcar,
veio-nos a faltar até o sal.
Tive que usar de tudo como roupa e
tamancos como sapatos. Todos os mercados devastados e saqueados. Os meios de
comunicação em mãos dos japoneses e as estradas, vigiadas e destruídas
continuamente pelos aviões ingleses. Agora me sinto cansado. Mas é um cansaço
que se pode vencer. Estou vivo! isto é uma grande graça, depois de ter
enfrentado a morte quase todos os dias. O Senhor visivelmente tem-me protegido”
(carta do padre Alfredo
Cremonesi, 20/2/1946).
Em 1948, a Birmânia conquistou a independência
da Inglaterra, o que desencadeou uma revolta armada, que durou anos.
Neste contexto, Padre Cremonesi foi brutalmente
assassinado pelo exército do governo birmanês, durante um confronto armado na
aldeia de Donoku, onde residia, eles acusam o missionário e os habitantes de
favorecerem os rebeldes. De nada servem as palavras do padre, que defende a
inocência da sua gente. Cegos pela raiva, os soldados não lhe dão chance de
terminar o discurso e respondem com uma rajada de metralhadora. Atingem o chefe
da aldeia e, depois, o padre Cremonesi. Atingido em pleno peito, ele cai por
terra. É dia 7 de fevereiro de 1953.
A Beatificação do Padre Alfredo Cremonesi,
exemplo moderno de atividade missionária, realizou-se em 9 de outubro de 2019, às
vésperas da celebração do Dia Mundial das Missões, no âmbito do Mês
extraordinário das Missões.
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