“Jesus, ao ver as multidões, encheu-Se de
compaixão por elas”. À luz disto, queria deter-me a refletir sobre uma questão
muito debatida pelos nossos contemporâneos: o desenvolvimento.
Também hoje o olhar compassivo de Cristo pousa
incessantemente sobre os homens e os povos. Olha-os ciente de que o projeto
divino prevê o seu chamamento à salvação. Jesus conhece as insídias que se
levantam contra esse projeto, e tem compaixão das multidões: decide defendê-las
dos lobos, mesmo à custa da sua própria vida. Com aquele olhar, Jesus abraça os
indivíduos e as multidões e entrega-os todos ao Pai, oferecendo-Se a Si mesmo
em sacrifício de expiação.
Iluminada por esta verdade pascal, a Igreja
sabe que, para promover um desenvolvimento integral, é necessário que o nosso olhar
sobre o homem seja idêntico ao de Cristo. De fato, não é possível de modo algum
separar a resposta às necessidades materiais e sociais dos homens da satisfação
das necessidades profundas do seu coração. Isto deve ser ressaltado muito mais
numa época como a nossa, de grandes transformações, em que nos damos conta de
forma cada vez mais viva e urgente da nossa responsabilidade em relação aos
pobres do mundo.
Por conseguinte, o olhar de Cristo sobre a
multidão obriga-nos a afirmar os verdadeiros conteúdos daquele humanismo total que,
consiste no desenvolvimento integral do homem todo e de todos os homens. Por
isso, a primeira contribuição que a Igreja oferece para o desenvolvimento do
homem e dos povos não se consubstancia em meios materiais nem em soluções
técnicas, mas no anúncio da verdade de Cristo que educa as consciências e
ensina a autêntica dignidade da pessoa e do trabalho, promovendo a formação
duma cultura que corresponda verdadeiramente a todas as exigências do homem.
Papa Bento XVI – 29 de
setembro de 2005
Hoje celebramos:
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