Nºs 259 a
267
Os jovens sentem fortemente a chamada ao amor e
sonham encontrar a pessoa certa com quem formar uma família e construir uma
vida juntos. Sem dúvida, é uma vocação que o próprio Deus propõe através dos
sentimentos, anseios, sonhos. Debrucei-me largamente sobre este tema na
Exortação Apostólica Amoris laetitia,
convidando todos os jovens a lerem especialmente os capítulos IV e V.
Apraz-me
pensar que dois cristãos que se casam reconheceram na sua história de amor o
chamado do Senhor, a vocação a formar de duas pessoas, varão e mulher, uma só
carne, uma só vida.
E o sacramento do Matrimônio corrobora este amor com a graça de Deus,
arraigando-o no próprio Deus. Com este dom, com a certeza desta vocação, é
possível começar com segurança, sem medo de nada, para juntos enfrentar tudo!
Neste contexto, lembro que Deus nos criou
sexuados. Ele próprio criou a sexualidade, que é um presente maravilhoso para
as suas criaturas. Dentro da vocação
para o matrimônio, devemos reconhecer, agradecidos, que a sexualidade, o sexo
são um dom de Deus. Sem tabus. São um dom de Deus, um dom que o Senhor nos
dá. E fá-lo com dois propósitos: amar-se
e gerar vida. É uma paixão, é o amor apaixonado. O verdadeiro amor é
apaixonado. O amor entre um homem e uma mulher, quando é apaixonado, leva-te a
dar a vida para sempre. Sempre. E a dá-la com corpo e alma.
Salientamos
que a família continua a ser o principal ponto de referência para os jovens. Os filhos apreciam o
amor e os cuidados recebidos dos pais, têm a peito os laços familiares e
esperam conseguir, por sua vez, formar uma família. Sem dúvida, o aumento de
separações, divórcios, segundas uniões e famílias monoparentais pode causar
grandes sofrimentos e crises de identidade nos jovens. Por vezes, têm de
assumir responsabilidades desproporcionadas para a sua idade, forçando-os a
tornar-se adultos antes do tempo. Muitas vezes, os avós prestam uma
contribuição decisiva no afeto e na educação religiosa: com a sua sabedoria,
são um elo decisivo na relação entre gerações.
Estas dificuldades, encontradas na família de
origem, levam certamente muitos jovens a interrogar-se se vale a pena formar
uma nova família, ser fiéis, ser generosos. Quero dizer-vos que sim, que vale a pena apostar na família e que nela encontrareis
os melhores estímulos para amadurecer e as mais belas alegrias para partilhar.
Não deixeis que vos roubem a possibilidade de amar a sério. Não permitais que
vos enganem quantos vos propõem uma vida desenfreada e individualista que acaba
por levar ao isolamento e à pior solidão.
Reina hoje a cultura do provisório, que é uma
ilusão. Julgar que nada pode ser
definitivo é um engano e uma mentira. Muitas vezes ouvis dizer que hoje o
casamento está “fora de moda”. Na cultura do provisório, do relativo, muitos
pregam que o importante é “curtir” o momento, que não vale a pena
comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas. Em vez disso, peço-vos para serdes revolucionários,
peço-vos para irdes contracorrente; sim, nisto, peço que vos rebeleis: que vos
rebeleis contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vós não sois
capazes de assumir responsabilidades, crê que vós não sois capazes de amar de
verdade. Ao contrário, eu tenho confiança em vós e, por isso, vos encorajo
a optar pelo matrimônio.
É
necessário preparar-se para o matrimônio; isto requer educar-se a si mesmo,
desenvolver as melhores virtudes, sobretudo o amor, a paciência, a capacidade
de diálogo e de serviço. Implica também educar a própria sexualidade, para que seja
sempre menos um instrumento para usar os outros, e cada vez mais uma capacidade
de se doar plenamente a uma pessoa, de maneira exclusiva e generosa.
Ensinam os bispos da Colômbia que Cristo sabe que os esposos não são
perfeitos e que precisam de superar a sua fragilidade e inconstância para que o
seu amor possa crescer e durar no tempo. Por isso, concede aos esposos a
sua graça que é, simultaneamente, luz e força que lhes permite realizar o seu
projeto de vida conjugal de acordo com o plano de Deus.
Àqueles que não são chamados ao matrimônio nem
à vida consagrada, devemos sempre lembrar-lhes que a primeira e a mais
importante vocação é a batismal. As
pessoas não casadas, mesmo que não o sejam por opção, podem tornar-se de modo
particular testemunhas da vocação batismal no seu caminho de crescimento
pessoal.
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