No Evangelho de São Mateus Pedro faz a sua
confissão de fé em Jesus, reconhecendo-O como Messias e Filho de Deus; fá-lo
também em nome dos outros apóstolos. Em resposta, o Senhor revela-lhe a missão
que pretende confiar-lhe, ou seja, a de ser a pedra, a rocha, o fundamento
visível sobre o qual está construído todo o edifício espiritual da Igreja.
Mas, de que modo Pedro é a rocha? Como deve
realizar esta prerrogativa, que naturalmente não recebeu para si mesmo? A
narração do evangelista Mateus começa por nos dizer que o reconhecimento da
identidade de Jesus proferido por Simão, em nome dos Doze, não provém da carne
e do sangue, isto é, das suas capacidades humanas, mas de uma revelação
especial de Deus Pai. Caso diverso se verifica logo a seguir, quando Jesus
prediz a sua paixão, morte e ressurreição; então Simão Pedro reage precisamente
com o ímpeto da carne e do sangue: Começou a repreender o Senhor, dizendo:
(...) Isso nunca Te há de acontecer! Jesus, por sua vez, replicou-lhe: Vai-te
daqui, Satanás! Tu és para Mim uma ocasião de escândalo...
O discípulo que, por dom de Deus, pode
tornar-se uma rocha firme, surge aqui como ele é na sua fraqueza humana: uma
pedra na estrada, uma pedra onde se pode tropeçar (em grego, skandalon).
Por aqui, se vê claramente a tensão que existe
entre o dom que provém do Senhor e as capacidades humanas; e aparece de alguma
forma antecipado, nesta cena de Jesus com Simão Pedro, o drama da história do
próprio Papado, caracterizada precisamente pela presença conjunta destes dois
elementos: graças à luz e força que provêm do Alto, o Papado constitui o
fundamento da Igreja peregrina no tempo, mas, ao longo dos séculos assoma
também a fraqueza dos homens, que só a abertura à ação de Deus pode transformar.
Na realidade, a promessa que Jesus faz a Pedro
é ainda maior do que as promessas feitas aos profetas antigos: de fato, estes
encontravam-se ameaçados por inimigos somente humanos, enquanto Pedro terá de
ser defendido das portas do inferno, do poder destrutivo do mal. Jeremias
recebe uma promessa que diz respeito à sua pessoa e ministério profético,
enquanto Pedro recebe garantias relativamente ao futuro da Igreja, da nova
comunidade fundada por Jesus Cristo e que se prolonga para além da existência
pessoal do próprio Pedro, ou seja, por todos os tempos.
Papa Bento XVI – 29 de
junho de 2012
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