segunda-feira, 10 de junho de 2019

Christus vivit: A Pastoral dos jovens – Uma pastoral sinodal – nºs 202 a 208


Nºs 202 a 208

A pastoral juvenil, tal como estávamos habituados a realizá-la, foi abalroada pelas mudanças sociais e culturais. Nas estruturas habituais, muitas vezes os jovens não encontram resposta para as suas inquietudes, necessidades, problemas e feridas. A proliferação e o crescimento de associações e movimentos com caraterísticas predominantemente juvenis podem ser interpretados como uma ação do Espírito que abre novos caminhos. Embora nem sempre seja fácil abordar os jovens, estamos crescendo em dois aspectos: a consciência de que é toda a comunidade que os evangeliza e a urgência de que os jovens sejam mais protagonistas nas propostas pastorais.

Quero assinalar que os próprios jovens são agentes da pastoral juvenil, acompanhados e orientados, mas livres para encontrar caminhos sempre novos, com criatividade e ousadia. Por conseguinte, seria supérfluo deter-me aqui a propor uma espécie de manual de pastoral juvenil ou um guia prático de pastoral.

É necessário assumir novos estilos e estratégias. Por exemplo, enquanto os adultos procuram ter tudo programado, com reuniões periódicas e horários fixos, hoje a maioria dos jovens sente-se pouco atraída por estes esquemas pastorais. A pastoral juvenil precisa de adquirir outra flexibilidade, convidando os jovens para acontecimentos que, de vez em quando, lhes proporcionem um espaço onde não só recebam uma formação, mas lhes permitam também compartilhar a vida, festejar, cantar, escutar testemunhos concretos e experimentar o encontro comunitário com o Deus vivo.

Neste sentido, seria altamente desejável recolher ainda mais as boas práticas: metodologias, linguagens, motivações que se revelaram realmente atraentes para aproximar os jovens de Cristo e da Igreja. Não importa a cor delas: se são conservadoras ou progressistas, se são de direita ou de esquerda. O importante é recolher tudo aquilo que deu bons resultados e seja eficaz para comunicar a alegria do Evangelho.

A pastoral juvenil só pode ser sinodal, ou seja, capaz de dar forma a um caminhar juntos que implica a valorização – através dum dinamismo de corresponsabilidade – dos carismas que o Espírito dá a cada um dos membros, de acordo com a respectiva vocação e missão. Animados por este espírito, poderemos avançar para uma Igreja participativa e corresponsável, capaz de valorizar a riqueza da variedade que a compõe, acolhendo com gratidão também a contribuição dos fiéis leigos, incluindo jovens e mulheres, a da vida consagrada feminina e masculina e a de grupos, associações e movimentos. Ninguém deve ser colocado nem deixado colocar-se de lado.

Desta forma, aprendendo uns com os outros, podemos refletir melhor aquele maravilhoso poliedro que deve ser a Igreja de Jesus Cristo. Esta pode atrair os jovens, precisamente porque não é uma unidade monolítica, mas uma trama de variados dons que o Espírito derrama incessantemente nela, fazendo-a sempre nova apesar das suas misérias.

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