Nºs 202 a
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A pastoral juvenil, tal como estávamos
habituados a realizá-la, foi abalroada pelas mudanças sociais e culturais. Nas
estruturas habituais, muitas vezes os jovens não encontram resposta para as
suas inquietudes, necessidades, problemas e feridas. A proliferação e o
crescimento de associações e movimentos com caraterísticas predominantemente
juvenis podem ser interpretados como uma ação do Espírito que abre novos
caminhos. Embora nem sempre seja fácil abordar os jovens, estamos crescendo em
dois aspectos: a consciência de que é toda a comunidade que os evangeliza e a
urgência de que os jovens sejam mais protagonistas nas propostas pastorais.
Quero
assinalar que os próprios jovens são agentes da pastoral juvenil, acompanhados
e orientados, mas livres para encontrar caminhos sempre novos, com criatividade
e ousadia. Por conseguinte, seria supérfluo deter-me aqui a propor uma espécie
de manual de pastoral juvenil ou um guia prático de pastoral.
É necessário assumir novos estilos e
estratégias. Por exemplo, enquanto os
adultos procuram ter tudo programado, com reuniões periódicas e horários fixos,
hoje a maioria dos jovens sente-se pouco atraída por estes esquemas pastorais.
A pastoral juvenil precisa de adquirir outra flexibilidade, convidando os
jovens para acontecimentos que, de vez em quando, lhes proporcionem um espaço
onde não só recebam uma formação, mas lhes permitam também compartilhar a vida,
festejar, cantar, escutar testemunhos concretos e experimentar o encontro
comunitário com o Deus vivo.
Neste sentido, seria altamente desejável
recolher ainda mais as boas práticas: metodologias, linguagens, motivações que
se revelaram realmente atraentes para aproximar os jovens de Cristo e da
Igreja. Não importa a cor delas: se são conservadoras
ou progressistas, se são de direita ou de esquerda. O importante é recolher
tudo aquilo que deu bons resultados e seja eficaz para comunicar a alegria do
Evangelho.
A pastoral
juvenil só pode ser sinodal, ou seja, capaz de dar forma a um caminhar juntos que implica a valorização – através dum
dinamismo de corresponsabilidade – dos carismas que o Espírito dá a cada um dos
membros, de acordo com a respectiva vocação e missão. Animados por este
espírito, poderemos avançar para uma Igreja participativa e corresponsável,
capaz de valorizar a riqueza da variedade que a compõe, acolhendo com gratidão
também a contribuição dos fiéis leigos, incluindo jovens e mulheres, a da vida
consagrada feminina e masculina e a de grupos, associações e movimentos. Ninguém deve ser colocado nem deixado
colocar-se de lado.
Desta forma,
aprendendo uns com os outros, podemos refletir melhor aquele maravilhoso
poliedro que deve ser a Igreja de Jesus Cristo. Esta pode atrair os jovens,
precisamente porque não é uma unidade monolítica, mas uma trama de variados
dons que o Espírito derrama incessantemente nela, fazendo-a sempre nova apesar
das suas misérias.
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