Nºs 224 a 229
Muitos jovens são capazes de aprender a amar o
silêncio e a intimidade com Deus. Aumentou também o número dos grupos que se
reúnem para adorar o Santíssimo Sacramento e rezar com a Palavra de Deus. Não se subestimem os jovens como se fossem
incapazes de abrir-se a propostas contemplativas; basta encontrar os estilos e
modalidades adequados para os ajudar a entrar nesta experiência de tão alto
valor. Relativamente aos setores do culto e da oração, em diferentes
contextos, os jovens católicos pedem propostas de oração e momentos
sacramentais capazes de tocar a sua vida diária, numa liturgia nova, autêntica
e jubilosa.
É
importante valorizar os momentos mais fortes do Ano Litúrgico, particularmente
a Semana Santa, o Pentecostes e o Natal. Prezam muito também outros encontros de festa,
que quebram a rotina e ajudam a experimentar a alegria da fé.
Uma
oportunidade privilegiada para o crescimento e para a abertura ao dom divino da
fé e da caridade é o serviço: muitos jovens sentem-se atraídos pela
possibilidade de ajudar os outros, especialmente as crianças e os pobres.
Frequentemente, este serviço é o primeiro passo
para descobrir ou redescobrir a vida cristã e eclesial. Muitos jovens cansam-se dos nossos programas de formação doutrinal, e
mesmo espiritual, e às vezes reclamam a possibilidade de ser mais protagonistas
em atividades que façam algo pelas pessoas.
Não podemos esquecer as expressões artísticas,
como o teatro, a pintura e outras. De importância muito peculiar se reveste a
música, que representa um verdadeiro e próprio ambiente onde os jovens estão
constantemente imersos, bem como uma cultura e uma linguagem capazes de
suscitar emoções e moldar a identidade. A linguagem musical constitui também um
recurso pastoral, que interpela de modo particular a liturgia e a sua renovação.
O canto pode ser um grande estímulo no percurso
dos jovens. Dizia Santo Agostinho: Canta,
mas caminha; cantando, alivia a fadiga, mas não te dês à preguiça; canta e
caminha. (...) Tu, se progrides, caminhas. Mas progride no bem, progride na
verdadeira fé, progride na vida santa. Canta e caminha.
Igualmente significativa é a relevância que
assume entre os jovens a prática esportiva, cujas potencialidades em chave
educacional e formativa a Igreja não deve subestimar, mantendo uma presença
sólida dentro dela. O mundo do esporte precisa de ser ajudado a superar as ambiguidades que o permeiam, como a
mitificação dos campeões, a submissão a lógicas comerciais e a ideologia do
sucesso a todo o custo.
Na base da experiência esportiva, está a
alegria: a felicidade de se mover, a alegria de estar juntos, o júbilo pela
vida e pelas dádivas que o Criador concede todos os dias.
Em muitos adolescentes e jovens, desperta
especial atração o contato com a criação, sendo sensíveis à salvaguarda do meio
ambiente, como no caso dos escuteiros e outros grupos que organizam dias de
contato com a natureza, acampamentos, caminhadas, expedições e campanhas
ambientais. No espírito de São Francisco de Assis, são experiências que podem
traçar um caminho para se introduzir na escola da fraternidade universal e na
oração contemplativa.
Estas e outras distintas possibilidades que se
abrem à evangelização dos jovens não devem fazer-nos esquecer que, para além das mudanças na história e da
sensibilidade dos jovens, há dons de Deus que são sempre atuais e contêm uma
força que transcende todos os tempos e circunstâncias: a Palavra do Senhor
sempre viva e eficaz, a presença de Cristo na Eucaristia que nos alimenta e o
Sacramento do Perdão que nos liberta e fortalece.
Podemos também mencionar a inesgotável riqueza
espiritual que a Igreja conserva no testemunho dos seus Santos e no ensinamento
dos grandes mestres espirituais. Embora tenhamos de respeitar as várias etapas
e precisemos por vezes de esperar com paciência o momento certo, não podemos
deixar de convidar os jovens para estas fontes de vida nova; não temos o
direito de os privar de tanto bem.
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