"A pedra que os
construtores deixaram de lado tornou-se a pedra mais importante"
(Mt 21, 42).
Estas palavras, que
no Evangelho Jesus aplicava a Si próprio, recordam o mistério da submissão e da
humilhação do Filho de Deus, fonte da nossa salvação. E o pensamento dirige-se,
naturalmente, ao Beato Nicolau de Gesturi, capuchinho, que encarnou de maneira
singular na sua existência esta misteriosa realidade.
Homem do silêncio,
ele irradiava em seu redor uma auréola de espiritualidade e de grande chamada
ao absoluto. Denominado pelo povo com o afetuoso apelido de "Frei Silêncio", Nicolau de
Gesturi apresentava-se com uma atitude que era mais eloquente do que as
palavras: libertado do supérfluo e em busca do essencial, não se deixava
distrair pelas coisas inúteis e prejudiciais, querendo ser testemunha da
presença do Verbo Encarnado ao lado de cada homem.
Num mundo muitas
vezes cheio de palavras e pobre de valores, há necessidade de homens e mulheres
que, como o Beato Nicolau de Gesturi, ressaltem a urgência de recuperar a
capacidade do silêncio e da escuta, para que toda a vida se torne um
"cântico" de louvor a Deus e de serviço aos irmãos.
Papa
João Paulo II – 03 de outubro de 1999
Em Gésturi, na
Sardenha, no dia 04 de agosto de 1882 nasceu João Ângelo Salvador, filho de
João Meda Serra e Pirama Cogoni Zeda, modestos e religiosos. Era o quarto de
cinco filhos. Ficou órfão de pai aos cinco anos e aos treze perdeu também a
mãe.
Foi levado para junto
de Pepino Pisano, sogro da sua irmã Rita. Curado de uma grave doença
reumática-articular, em março de 1911, João Meda vai para Cágliari nas colinas
de Bom Caminho, no convento de Santo António, para ser recebido entre os irmãos
não clérigos capuchinhos.
Recebido pelo
superior, primeiro como terceiro, João Meda veste o hábito em Cágliari só no
dia 30 de outubro de 1913 e recebe o nome que o tornará famoso em toda a ilha e
arredores: Frei Nicolau de Gésturi.
Depois de 13 de junho
de 1914, continuou o noviciado em Sanluri, com o mestre Frei Fidelis de
Sassari, emitindo a profissão simples a 1 de novembro de 1914, confirmando
depois a sua consagração total a Deus no dia 16 de fevereiro de 1919, com a
profissão solene.
Foi-lhe confiado um
primeiro serviço muito exigente: a cozinha do convento de Sassari. Substituído,
foi mandado para Oristano, depois para Sanluri para reoxigenar-se no espírito
do noviciado. Finalmente, a obediência e a humildade levaram-no para o centro
da Sardenha, onde timidamente pedira para ser capuchinho. Aí recebe o ofício de
esmoler "a santu Franciscu",
por São Francisco, segundo expressão típica da Sardenha.
Por 34 anos, testemunho
silencioso, andará pelos campos de Castello e Vilanova, nos lugares vizinhos de
Campidano, para depois percorrer toda a cidade de Cágliari. Para somente quando
encontra a "nossa irmã morte corporal", às 0h15 do dia 08 de junho de
1958.
A veneração de que se
cercou foi tamanha, levando cerca de 60.000 pessoas aos seus funerais. Foi declarado
Beato na praça de São Pedro, no domingo dia 03 de outubro de 1999.
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