"A paz seja
convosco!", disse Jesus aparecendo aos Apóstolos
no Cenáculo. A paz é o primeiro dom que o Ressuscitado faz aos Apóstolos. Da
paz de Cristo, princípio inspirador também da paz social, fez-se portador
constante Humilde de Bisignano, filho digno da nobre terra da
Calábria. Partilhou com Inácio de Santhià o mesmo empenho de santidade no
seguimento espiritual de São Francisco de Assis, oferecendo por sua vez um
particular testemunho de caridade aos irmãos.
Na nossa sociedade,
na qual com muitas frequência parece que os vestígios de Deus são perdidos,
frei Humilde representa um convite feliz e encorajador à mansidão, à
benignidade, à simplicidade e o desapego sadio dos bens passageiros deste
mundo.
Papa
João Paulo II – Homilia de canonização – 19 de maio de 2002
Humilde nasceu na
cidade de Bisignano, província de Cosenza, Itália, em 26 de agosto de 1582, seus
pais; Giovanni Pirozzo e de Ginevra Giardino, lhe puseram o nome de Luca
Antonio. Desde a mais tenra idade, o menino manifestou sua admirável piedade.
Todos os dias ia à missa, comungava, rezava e meditava a Paixão do Senhor,
tornando-se modelo de virtude para todos os que o conheciam.
Nos processos
canônicos se recorda que sua resposta a alguém que lhe deu uma solene bofetada
na praça pública, foi simplesmente oferecer a outra face.
Aos dezoito anos,
percebeu que sua vocação estava na vida religiosa, mas por vários motivos teve
que aguardar nove anos para poder realizar os seus santos propósitos, levando,
entretanto, uma vida ainda mais disciplinada a fim de conseguir seus objetivos.
Aos vinte e sete
anos, entrou no noviciado dos Frades Menores de Mesuraca, tomando o nome de
frei Humilde. Desde jovem, tinha o dom de contínuos êxtases contemplativos,
motivo pelo qual era chamado de "o frade extático". A partir de 1613,
esses dons se tornaram públicos e por isso seus superiores o submeteram a uma
longa série de provas e humilhações para certificarem-se se eles provinham,
realmente, de Deus.
Essas provas,
felizmente suportadas, só vieram a aumentar sua fama de santidade junto aos
irmãos e ao povo.
Deus lhe concedeu
outros dons particulares como a perscrutação dos corações, a profecia, as
intercessões em milagres e, sobretudo, a ciência infusa. Apesar de ser
analfabeto, dava respostas sobre as Sagradas Escrituras e sobre qualquer outro
tema da doutrina católica que faziam admirar os altos teólogos. A esse
objetivo, Humilde foi experimentado em uma reunião de sacerdotes seculares e
regulares, com propostas de dúvidas e objeções, às quais respondeu de maneira
muito satisfatória.
Frei Humilde obteve
a confiança dos sumos pontífices Gregório XV e Urbano VIII, que o chamaram ao
Vaticano e se beneficiaram com suas orações e conselhos. Permaneceu em Roma por
muitos anos, sendo hospedado no Convento de São Francisco, em Ripa, e, durante
alguns meses, no de Santo Isidoro.
As orações do Frei
Humilde eram simples, porém suas preces eram sempre dedicadas ao bem da
humanidade e à paz universal. Apesar de ser muito estimado por todos, ele se
humilhava, continuamente, perante Deus, por considerar-se um grande pecador. Quando
lhe perguntaram sobre o que pedia ao Senhor durante tantas horas de oração,
respondeu: "O único que faço é pedir a Deus: Senhor, perdoai os meus pecados
e fazei que vos ame como estou obrigado a amar-vos, e fazei que todos vos ameis
como estão obrigados a amar-vos!".
Num dia declarou ao
papa Gregório XV: "Enquanto todas as criaturas louvam e bendizem ao Senhor, eu sou o
único que o ofende".
Faleceu no dia 26
de novembro de 1637, na sua cidade natal, onde passou os seus últimos anos de
vida.
Beatificado em 1882
pelo Papa Leão XIII, foi somente em 2002 que o papa João Paulo II declarou
Santo Humilde de Bisignano.
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