O cego Bartimeu era
um mendigo, que estava sentado à beira do caminho; tendo ouvido dizer que ia a
passar Jesus, começou a gritar e a invocar o Filho de David para que tivesse
piedade dele. Muitos repreendiam-no para o fazer calar, mas ele gritava cada
vez mais. O Filho de Deus escutou o seu brado e perguntou-lhe: “Que queres que te faça?” “Mestre, que eu
veja!” – respondeu o cego.
Esta página do
Evangelho torna visível aquilo que o Salmo anunciava como promessa. Bartimeu é
um pobre que se encontra desprovido de capacidades fundamentais, como o ver e o
poder trabalhar. Também hoje não faltam percursos que levam a formas de
precariedade. A falta de meios basilares de subsistência, a marginalização
quando já não se está na plenitude das próprias forças laborais, as diversas
formas de escravidão social, apesar dos progressos realizados pela humanidade…
Como Bartimeu, quantos pobres há hoje à beira da estrada e procuram um
significado para a sua condição! Quantos se interrogam acerca dos motivos por
que chegaram ao fundo deste abismo e sobre o modo como sair dele! Esperam que
alguém se aproxime deles, dizendo: Coragem, levanta-te que Ele chama-te.
Com frequência,
infelizmente, verifica-se o contrário: as vozes que se ouvem são de repreensão
e convite a estar calados e a sofrer. São vozes desafinadas, muitas vezes regidas
por uma fobia para com os pobres, considerados como pessoas não apenas
indigentes, mas também portadoras de insegurança, instabilidade, extravio dos
costumes da vida diária e, consequentemente, pessoas que devem ser repelidas e
mantidas ao longe. Tende-se a criar distância entre nós e eles, não nos dando
conta de que, assim, acabamos distantes do Senhor Jesus, que não os afasta mas
chama-os a Si e consola-os.
Como soam
apropriadas a este caso as palavras do profeta relativas ao estilo de vida do
crente: libertar os que foram presos injustamente, livrá-los do jugo que levam
às costas, pôr em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de opressão,
repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa,
atender e vestir os nus. Este modo de agir faz com que o pecado seja perdoado,
a justiça percorra a sua estrada e, quando formos nós a clamar pelo Senhor, Ele
nos responda dizendo: Aqui estou!
Papa
Francisco – II Dia Mundial dos Pobres
Hoje celebramos:
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