sexta-feira, 16 de novembro de 2018

16 de outubro - Como aconteceu nos dias de Noé, assim também acontecerá nos dias do Filho do Homem. Lc 17,26


Pensar na nossa morte não é uma fantasia negativa; aliás, viver bem todos os dias como se fosse o último, e não como se esta vida fosse uma normalidade que nunca acabar, poderá ajudar a encontrar-se deveras prontos quando o Senhor chamar.

Chama a minha atenção, aquilo que Jesus diz neste trecho que lemos. Em particular a sua resposta quando perguntam como será o fim do mundo. Mas entretanto, pensemos em como será o meu fim. No Evangelho Jesus usa as expressões como aconteceu também nos dias de Noé e como se verificou ainda nos dias de Ló. Para dizer que os homens comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca. E, ainda, como aconteceu também nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam, construíam.

Este viver a normalidade da vida como se fosse uma coisa eterna, uma eternidade  vê-se também nos velórios e funerais: muitas vezes as pessoas que estão deveras relacionadas com aquela pessoa morta, pela qual rezamos, são poucas. E assim um funeral transformou-se com normalidade num fato social: “Onde vais hoje?” — “Hoje tenho que ir fazer isto, isto e isto, depois ao cemitério porque há um funeral”. Torna-se assim um fato a mais e ali encontramos os amigos, falamos: o falecido está ali mas nós falamos: normal. Assim também aquele momento transcendente, devido ao andamento da vida habitual, torna-se um fato social. E eu vi isto na minha pátria: nalguns funerais há um serviço de recepção, come-se, bebe-se, o morto está ali: mas nós aqui fazemos um pouco, não digo “festa”, mas falamos, mundanamente; é mais uma reunião, para não pensar.

Mas eis que, chega o dia em que o Senhor faz cair do céu fogo e enxofre. Em suma, há a normalidade, a vida é normal e nós estamos habituados a esta normalidade: levanto-me às seis, às sete, faço isto, este trabalho, amanhã vou visitar alguém, domingo é festa, faço aquilo. E assim estamos habituados a viver uma normalidade de vida e pensamos que será sempre assim. Mas sê-lo-á até ao dia em que Noé entrar na arca, até ao dia em que o Senhor fizer cair do céu fogo e enxofre.

Há dias encontrei um sacerdote, com cerca de sessenta e cinco anos: não se sentia bem, foi ao médico o qual depois da consulta lhe disse: “O senhor tem este problema, é uma coisa negativa, mas talvez estejamos a tempo para o curar, faremos isto; se não resultar faremos esta outra coisa e se não se resolver começaremos a caminhar e eu o acompanharei até ao fim”. Portanto, aquele médico era bom! Com quanta ternura disse a verdade; acompanhemo-nos nós também neste caminho, vamos juntos, trabalhemos, façamos o bem e tudo, mas sempre olhando para lá.
Hoje façamos isto, porque será bom para todos parar um pouco e refletir acerca do dia em que o Senhor me vier visitar, me vier tomar para ir com Ele.

Papa Francisco – 17 de novembro de 2017 

Hoje celebramos: 




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