Jesus pergunta aos
discípulos: “Mas como posso explicar o Reino de Deus? Com o que o posso
comparar?” e utiliza dois exemplos da vida diária: o grão de mostarda e o
fermento. Ambos são pequenos, parecem inócuos, mas quando entram em movimento,
têm dentro de si um poder que sai e cresce, vai além, até mais do que se possa
imaginar. É precisamente este o mistério do Reino.
De fato, a
realidade é que o grão tem um poder interno, assim como o fermento, e também o
poder do Reino de Deus vem de dentro; a força vem de dentro, o crescimento vem
do interior.
Eis então a
realidade prefigurada pela parábola: Dentro de nós e na criação — porque vamos
juntos rumo à glória — existe uma força que desencadeia: é o Espírito Santo.
Aquele que nos dá a esperança. E, viver na esperança significa deixar que estas
forças do Espírito vão em frente e nos ajudem a crescer rumo a esta plenitude
que nos espera na glória.
Na parábola se diz
também que o grão de mostarda é tomado e lançado. Um homem pegou nele e
lançou-o ao jardim e que o fermento não foi deixado inerme: uma mulher pegou
nele e misturou-o. Isto é, compreende-se que se o grão não for pego e lançado,
se o fermento não for pego e misturado, permanecem ali e a força interior que
possuem fica ali. Do mesmo modo, se quisermos conservar para nós o grão, será
só um grão. Se não o misturarmos com a vida, com a farinha da vida, o fermento
permanece só fermento. Por conseguinte, é preciso lançar, misturar a coragem da
esperança. Que cresce, porque o Reino de Deus cresce a partir de dentro, não
por proselitismo. Cresce com a força do Espírito Santo.
A tal propósito recordemos
que a Igreja teve sempre, a coragem de pegar e lançar, de tomar e misturar, o
medo de o fazer. Muitas vezes vemos que se prefere uma pastoral de conservação
em vez de deixar que o reino cresça. Quando acontece isto permanecemos o que
somos, pequeninos, talvez nos sintamos seguros mas o Reino não cresce. Mas para
que o reino cresça é preciso coragem: lançar o grão, misturar o fermento.
Alguém poderia
objetar: Se eu lançar o grão, perco-o. Mas esta é a realidade: haverá sempre
alguma perda, ao semear o reino de Deus. Se eu misturar o fermento sujo as
mãos: graças a Deus! Ai daqueles que pregam o reino de Deus com a ilusão de não
sujar as mãos. Esses são guardas de museus: preferem as coisas bonitas ao gesto
de lançar para que a força se desencadeie, de misturar para que a força faça crescer.
Pensem no grão de
mostarda e no fermento, no lançar e no misturar e se perguntem: Como está a minha
esperança? É uma ilusão? Um talvez? Ou acredito que dentro dela reside o
Espírito Santo? Falo com o Espírito Santo?
Papa
Francisco – 31 de outubro de 2017
Hoje celebramos:
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