sexta-feira, 13 de julho de 2018

13 de julho - Santa Clélia Barbieri


Repensando a história humana desta jovem e corajosa testemunha de Cristo e do seu Evangelho durante os breves anos de sua vida, lembramos das palavras do apóstolo Pedro diante do Sinédrio, que o reprovou que ele havia pregado a mensagem do Cristo ressuscitado: "Devemos obedecer a Deus e não aos homens" (Atos 5:29).

Em tempos difíceis para a Igreja e em um ambiente social hostil ao Evangelho, Clélia Barbieri não hesitou em ser "trabalhadora da doutrina cristã", como então eram chamados os catequistas da Arquidiocese de Bolonha, para levar a todos o anúncio daquele Jesus que conquistou seu coração.

Atraídas pela força de seu entusiasmo, outras jovens da paróquia se juntaram a ela para compartilhar seu próprio ideal de vida contemplativa e apostólica. Depois de muitas vicissitudes, devido a razões políticas e sociais, em 1 de maio de 1868, Clélia e suas companheiras foram finalmente capazes de encontrar a vida comum, começando assim a família religiosa, que mais tarde o arcebispo de Bolonha, cardeal Lucido Parocchi, reconheceu com o nome de "Irmãs Mínimas da Mãe Dolorosa": "Mínimo", pela grande devoção que a fundadora tinha por São Francisco de Paula, patrono da comunidade; "Dolorosa", porque sob este título Maria Santíssima era fervorosamente reverenciada naquele lugar e pela própria santa.

Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 09 de abril de 1989

Clélia Barbieri nasceu no dia 13 de fevereiro de 1847 em São João in Persiceto, Arquidiocese de Bolonha, filha de José Barbieri e Jacinta Nannetti.
Os pais eram de diferentes classes sociais: José Barbieri veio das mais pobres famílias de da cidade, enquanto Jacinta era das mais proeminentes famílias; ele, criado do tio de Jacinta, o médico local; ela, filha do abastado Pedro Nannetti. Jacinta, abastada, abraçou a pobreza de um operário e, deixando uma casa rica, passou a viver na humilde casa de Santo Barbieri, pai de José, mas eles construíram uma família sobre a rocha da fé e da prática cristã.

O batismo foi administrado no mesmo dia de seu nascimento, e segundo o desejo expresso da mãe, a criança recebeu o nome de Clélia Rachel Maria.

Jacinta ensinou a pequena Clélia a amar a Deus, a tal ponto que logo ela desejou ser santa. Um dia ela perguntou: "Mamãe, como posso ser santa"?

Aos 8 anos, durante a epidemia de cólera de 1855, Clélia perdeu o pai. Com a morte do pai, graças à generosidade do tio médico, a mãe, a irmã mais nova de Clélia, Ernestina, e ela foram viver em uma casa mais acolhedora, perto da igreja paroquial.

Para Clélia os dias se tornaram mais santificados. Quem a quisesse encontrar, invariavelmente a achavam em casa fiando ou cozinhando, ou na igreja rezando.

Em 1857, chegou ao povoado o Padre Gaetano Guidi, que tomou para si o encargo de guiar Clélia na estrada da santidade.

Embora fosse comum naquele tempo a pessoa se aproximar da Comunhão quase adulta, Clélia, devido sua precoce preparação eucarística e espiritual, foi admitida à Primeira Comunhão no dia 24 de junho de 1858, com onze anos.

Foi o dia decisivo para o seu futuro, porque viveu a sua primeira experiência mística: uma contrição excepcional de seus próprios pecados e dos pecados dos outros. Pesou sobre ela a angústia do pecado que crucificou Jesus e fez sofrer Nossa Senhora. No dia da Primeira Comunhão, o Crucificado e Nossa Senhora das Dores inspiraram sua espiritualidade. Foi também daquele tempo uma intuição interior do seu futuro na dúplice linha: contemplativa e ativa.

Diante do tabernáculo, em adoração, parecia uma estátua imóvel, absorta em oração; em casa era a maior companheira das jovens obrigadas a trabalhar. Com maturidade precoce, ela percebia ser o trabalho o modo de se aproximar das jovens, pois no “Budrie” o trabalho, especialmente no cânhamo, era a única fonte de sobrevivência.

O Padre Gaetano Guidi, vendo a extraordinária capacidade de Clélia e sua maneira esplêndida de atrair as almas para Deus, resolveu iniciar na paróquia um movimento da juventude feminina que se difundia naqueles tempos na Itália: as Filhas de Maria. Em torno de Clélia, em sua casa e sob o olhar maternalmente vigilante de Jacinta, as jovens da paróquia se reuniam.

Acolhem as meninas ensinando-as a rezar, a trabalhar: cozinhar e tecer, ler e estudar. Visitam os doentes pobres da região e cuidam deles. Ensinam o catecismo e levam os pequenos à igreja para frequentar os Sacramentos. Promovem e animam a oração dos adultos na igreja paroquial. Procuram, em particular, atrair a juventude fazendo-a desejar as coisas santas.

Já eram quatro as amigas mais íntimas de Clélia, e um dia ela manifesta às companheiras a sua ideia: “Por que não fazemos nós o nosso convento? Nós já somos quatro! Depois, se outras jovens pobres tiverem os mesmos desejos, nós as acolhemos!” Elas não têm dinheiro, nada. Mas Clélia e Úrsula, Teodora e Violante voltam para casa com o olhar mais brilhante diante de um futuro cheio de esperança.

Seria um núcleo de jovens voltadas para a vida contemplativa e apostólica; um serviço que devia brotar da Eucaristia, se consumar na Comunhão diária e sublimar-se na instrução dos camponeses e operários do lugar.

A ideia não pode se concretizar logo devido aos acontecimentos políticos depois da unidade da Itália de 1866-67.

Foi possível realizá-la no dia 1º de maio de 1868; e após resolverem as questões burocráticas, Clélia com suas amigas puderam ocupar a casa dita do mestre, onde até então se reuniam os Operários da Doutrina Cristã. Foi o início humilde da família religiosa de Clélia Barbieri, que os superiores chamaram de “Irmãs Mínimas de Nossa Senhora das Dores”.

Na pequena comunidade se respirava um clima de fé, uma verdadeira fome e sede de Deus, um instinto missionário cheio de criatividade e de fantasia. Clélia era a sua alma.

O grupo inicial aumentou e, ao seu redor, também o número de pobres, de doentes, de moços e moças a catequizar e a instruir.

Pouco a pouco as pessoas viram Clélia num papel de guia, de mestra na fé. Apesar de seus 22 anos, começaram a chamá-la de “Mãe”. A chamaram assim até a morte, que veio logo... A tuberculose, que a acompanhava de forma incubada, explodiu violenta somente dois anos após a fundação.

Clélia morreu profetizando: “Eu vou, mas não as abandonarei jamais. Vede, quando lá, naquele campo de erva medicinal próximo da igreja, surgir a nova casa, eu não estarei mais aqui. Vocês crescerão em número e se espalharão na planície e pelo monte, a trabalhar na vinha do Senhor. Virá dia que aqui no “Budrie” acorrerá tanta gente, com carroças e cavalos...”. E acrescenta: “Vou para o Paraíso e todas as Irmãs que morrerem na nossa família terão a vida eterna”.

A morte a colheu no dia 13 de julho de 1870. Tinha 23 anos, 4 meses, 28 dias.

No dia 13 de julho de 1871, primeiro aniversário de sua morte, Úrsula e as outras Irmãs estavam em oração no pequeno aposento em que Madre Clélia expirara santamente. Têm no coração amor, gratidão e saudades dela, e desejariam que estivesse entre elas como antes. Eis que durante a oração uma voz celeste, dulcíssima, as acompanha e as enche de alegria. Úrsula de repente a reconhece: “É Madre Clélia! Está conosco como havia prometido!”

Daquele dia em diante, até os dias atuais, a doce voz acompanha milagrosamente suas filhas em oração em qualquer parte do mundo em que elas estejam. Sua voz é ouvida acompanhando as Irmãs nos hinos, nas leituras religiosas, em suas conversas. Acompanha o sacerdote durante a celebração da Missa e é ouvida com frequência durante os sermões.

A obra de Santa Clélia foi aprovada por Decreto Pontifício em 20 de março de 1934. Paulo VI a beatificou em 27 de outubro de 1968; no dia 9 de abril de 1989 foi canonizada por João Paulo II.

Santa Clélia Barbieri pode ser considerada a Fundadora mais jovem da Igreja
A profecia de Clélia se realizou: a Congregação das Irmãs Mínimas da Dolorosa está presente na Itália, na Índia, na Tanzânia. No Brasil, em Salvador, Bahia, há uma Comunidade de quatro Irmãs que se dedicam à educação cristã de crianças, jovens e mulheres, entre outras atividades paroquiais.

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