Quando os doutores
da lei repreendem Jesus porque os seus discípulos não faziam jejum:
Mas foi sempre assim,
por que os teus não jejuam? Ele responde com este princípio de vida:
Ninguém põe um
remendo de pano novo em roupa velha; ao contrário, o remendo arranca um novo
pedaço da veste usada e torna-se pior o rasgão. E ninguém põe vinho novo em
odres velhos; se o fizer, o vinho arrebentá-los-á e perder-se-á juntamente com
os odres, mas para vinho novo, odres novos!
Substancialmente, o
que significa isto, muda a lei? Não! Quer dizer, aliás, que a lei está ao
serviço do homem que está ao serviço de Deus e por isso o homem deve manter o
coração aberto. A atitude de quem diz foi sempre assim, nasce na realidade de
um coração fechado. Ao contrário Jesus disse-nos: “Enviar-vos-ei o Espírito
Santo e Ele guiar-vos-á para a verdade plena”. Mas se mantiveres o coração
fechado à novidade do Espírito, nunca chegarás à verdade plena! E a tua vida
cristã será meio a meio, uma vida remendada com coisas novas mas sobre uma
estrutura que não está aberta à voz do Senhor: um coração fechado, porque não
és capaz de mudar os odres.
Exatamente este é o
pecado de muitos cristãos que se apegam ao que sempre foi feito e não deixam
mudar os odres. Acabando assim por viver uma existência pela metade, remendada,
sem sentido. Mas por que acontece isto? A resposta é que é um coração fechado,
um coração que não ouve a voz do Senhor, que não está aberto à novidade do
Senhor, ao Espírito que sempre nos surpreende. Quem tem um coração assim, é um
pecador. Portanto, os cristãos obstinados repetem que sempre foi assim, este é
o caminho, esta é a estrada, pecam: pecam de divinação. É como se tivessem ido
à cartomante. No final resulta mais importante o que foi dito e o que não muda;
o que sinto — em mim e no meu coração fechado — do que a palavra do Senhor. E
isto é também pecado de idolatria: a obstinação! O cristão que teima, peca de
idolatria.
Face a esta verdade,
a pergunta a fazer é: qual é a estrada? Abra o coração ao Espírito Santo, discernindo
qual é a vontade de Deus. Era habitual, no tempo de Jesus, que os bons
israelitas jejuassem. Contudo, há uma outra realidade: o Espírito Santo que nos
leva à verdade plena. E para isto Ele precisa de corações abertos, de corações
que não sejam obstinados no pecado de idolatria de si mesmo, considerando mais
importante o que eu penso e não a surpresa do Espírito Santo. E esta é a
mensagem que a Igreja nos transmite hoje; o que Jesus diz com vigor: “Vinho
novo em odres novos!” Porque, face às novidades do Espírito, às surpresas de
Deus também os hábitos devem renovar-se.
Que o Senhor nos dê a graça de um
coração aberto à voz do Espírito, que saiba discernir o que nunca deve mudar, porque
é fundamento, daquilo que deve mudar para poder receber a novidade do Espírito
Santo.
Papa Francisco - 18 de janeiro de 2016
Hoje celebramos:
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