sábado, 7 de julho de 2018

07 de julho - São José Maria Gambaro


Hoje a Igreja agradece ao seu Senhor, que a abençoa e a imbui de luz com o esplendor da santidade destes filhos e filhas da China. Não é porventura o Ano Santo o momento mais oportuno para fazer resplandecer o seu testemunho heroico? A jovem Ana Wang, com catorze anos, resiste às ameaças do carnífice que a convida a renegar e, dispondo-se à decapitação, declara com o rosto radiante: "A porta do Céu está aberta a todos" e murmura três vezes "Jesus". E Chi Zhuzi, com dezoito anos, grita destemido aos que acabavam de lhe cortar o braço direito e se preparavam para o esfolar vivo: "Cada pedaço da minha carne, cada gota do meu sangue vos repetirão que sou cristão".

Igual convicção e alegria testemunharam os outros 85 chineses, homens e mulheres de todas as idades e condições, sacerdotes, religiosos e leigos, que selaram a própria indefectível fidelidade a Cristo e à Igreja com o dom da vida. Isto aconteceu ao longo de vários séculos e em complexas e difíceis épocas da história da China. Esta celebração não é a ocasião oportuna para formular juízos sobre aqueles períodos históricos: poder-se-á e dever-se-á fazê-lo noutra circunstância. Com esta solene proclamação de santidade, a Igreja só deseja reconhecer que aqueles Mártires constituem um exemplo de coragem e de coerência para todos nós e honram o nobre povo chinês.

Nesta plêiade de Mártires resplandecem também 33 missionários e missionárias, que deixaram a sua terra e procuraram introduzir-se na realidade chinesa, assumindo com amor as suas características, no desejo de anunciar Cristo e de servir aquele povo. Os seus túmulos estão lá, como que a significar a sua definitiva pertença à China, que eles, apesar dos seus limites humanos, amaram com sinceridade, despendendo por ela as suas energias. "Nunca fizemos mal a ninguém responde Dom Francisco Fogolla ao governador que se prepara para o golpear com a espada. Ao contrário, fizemos o bem a muitos".

Papa João Paulo II – 01 de outubro de 2000 – homilia de canonização

José Maria Gambaro nasceu na província de Novara (Itália), em 7 de agosto de 1869 de Pacifico e Francesca Bozzolo, pais piedosos, e recebeu no batismo o nome de Bernardo. Ele cresceu alegre e um exemplo de bondade e pureza; aos oito anos fez a Primeira Comunhão, que era raro na época e já aos 13 anos, depois de ter seguido um curso de Exercícios Espirituais pregados na aldeia pelos Padres Passionistas, amadureceu nele o ideal de se tornar religioso. 

Tinha cerca de 17 anos quando pediu permissão para seus amados pais e foi admitido no Colégio Seráfico de Monte Mesma, localizado no Lago Orta; seu antigo superior atestou que Bernardo era conhecido por sua docilidade e obediência às Regras e por sua dedicação constante ao estudo. Em 27 de setembro de 1886 foi admitido no noviciado do mesmo convento, mudando seu nome para José Maria.

Ativo e ao mesmo tempo circunspecto, entusiasta sem deixar de ser prudente, foi apreciado pelos superiores, ao ponto de o escolherem, quando ainda era clérigo teólogo, para assistente dos irmãos jovens em Ornavasso. Uma escolha muito acertada, pois a sua natureza perspicácia, aliada ao bom exemplo que dava e à afabilidade com que a todos tratava, produziu copiosos frutos naqueles jovens que se preparavam para o sacerdócio e para a vida religiosa franciscana.

Logo após ser ordenado sacerdote, em 1892, foi nomeado reitor do colégio de Ornavasso. Por um ano apenas, porquanto, secundando os seus desejos, os superiores permitiram-lhe seguir a vocação missionária.
Em 1896 abandonou a Itália, e ao chegar à China foi destinado a Hu-nan.
A nova experiência num primeiro momento apresentou para ele grandes dificuldades: os usos e costumes tão diferentes dos europeus não foram tão difíceis de assimilar como a língua. O vigário apostólico Fantosati, considerando as ótimas qualidades de Gambaro, destinou-o a um seminário, onde durante três anos foi reitor e professor, e incutiu entusiasmo em três jovens seminaristas que o admiravam e imitavam. Mas quando faltou o missionário duma importante cristandade, José Maria foi encarregado de o substituir. Com serena fortaleza e absoluto abandono nas mãos do Senhor conseguiu fazer frente à vida missionária ativa e às suas inevitáveis dificuldades.

No Pentecostes de 1900 foi chamado a Lei-yang por Mons. Fantosati, e passados poucos dias dirigiram-se ambos a um lugar onde os pagãos tinham destruído a capela, a fim de providenciarem à sua reconstrução. Aí se abateu sobre eles a perseguição, que também estalou de improviso na residência do vigário apostólico. Logo que receberam as primeiras tristes notícias, apressaram-se ambos a regressar à sede. Debalde os cristãos insistiram com eles para se esconderem num refúgio seguro; ambos declararam sem hesitação que o seu lugar era junto do rebanho em perigo, custasse o que custasse, e para lá embarcaram de imediato.

Em 6 de julho, Mons. Fantosati, o padre Gambaro e quatro cristãos subiram em um barco para retornar a Hoang-scia-wan. Por volta do meio dia de 7 de julho o barco chegou no rio perto da cidade; Reconhecido por alguns garotos e aos gritos de "morte aos europeus" a turba da costa, tomou os barcos dos pescadores e cercou a dos missionários, que mal conseguiam sair da costa, onde agredidos pela multidão, foram massacrados com pedras e golpes de pau; Padre Gambaro morreu depois de cerca de vinte minutos de espancamento. 

Alguém contou que o Padre José Maria, já agonizante, ainda teve forças para pronunciar as suas últimas palavras sobre a terra: “Jesus, tem piedade e salva-nos”. Ele contava 31 anos de idade, 14 de religioso, 8 de sacerdócio e 4 de missionário.

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