Este trecho do
Evangelho narra a conversão de Mateus: como o Senhor o chamou, o escolheu para
o seguir.
Antes de tudo o encontro:
Jesus tinha acabado de curar um paralítico e quando estava para ir embora —
talvez para sair, estavam à porta os cobradores de impostos — encontrou este
homem chamado Mateus. E o Evangelho diz, precisamente, que Jesus viu um homem
chamado Mateus — e onde estava aquele homem? — sentado no banco dos impostos.
Afinal Mateus era um dos que faziam pagar os impostos ao povo de Israel, para
os dar aos romanos: um traidor da pátria. A ponto que estes homens eram
desprezados.
E Mateus, sente que
Jesus olha para ele e lhe diz: “segue-Me”. E ele levantou-se e seguiu-o. Mas o
que aconteceu? O que convenceu Mateus a seguir o Senhor? Trata-se da força do
olhar de Jesus que certamente olhou para ele com muito amor, muita
misericórdia: aquele olhar de Jesus misericordioso significava: Segue-me, vem.
Face a este olhar
eis que a resistência daquele homem que queria dinheiro — era totalmente
escravo do dinheiro — cedeu. Com efeito, o Evangelho diz-nos que Mateus se
levantou e o seguiu.
Na perspectiva
desta luta entre a misericórdia e o pecado, é importante questionar-se: Como
entrou o amor de Jesus no coração daquele homem? Por que porta pôde entrar? O
fato é que, aquele homem sabia que era pecador: sabia que não era amado por
ninguém, e até era desprezado. Precisamente aquela consciência de ser pecador
abriu a porta à misericórdia de Jesus: deixou tudo e foi embora. Eis o encontro
entre o pecador e Jesus:
Todos os pecadores que encontraram Jesus tiveram a
coragem de O seguir, mas se não se sentissem pecadores não O podiam seguir. Por
este motivo, a primeira condição para ser salvo é sentir-se em perigo; a
primeira condição para ser curado é sentir-se doente. Por conseguinte, sentir-se
pecador é a primeira condição para receber este olhar de misericórdia. E mais, pensemos
no olhar de Jesus: tão belo, tão bom, tão misericordioso, e também nós, quando
rezamos, sintamos este olhar sobre nós: é o olhar do amor, o olhar da
misericórdia, o olhar que nos salva e nos sugere para não ter medo.
Papa Francisco - 21 de setembro de 2017
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