Jesus realizou um gesto que
ficou gravado na memória dos discípulos: o lava-pés. Um gesto inesperado e
perturbador, a ponto que Pedro não queria aceitá-lo. Gostaria de analisar as
palavras finais de Jesus: Entendeis o que vos tenho feito? Ora, se eu, Senhor e
Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Deste
modo Jesus indica aos seus discípulos o serviço como o caminho a
percorrer para viver a fé n’Ele e dar testemunho do seu amor. O próprio Jesus
aplicou a si a imagem do Servo de Deus usada pelo profeta Isaías. Ele, que é o
Senhor, faz-se servo!
Lavando os pés aos apóstolos,
Jesus quis revelar o modo de agir de Deus em relação a nós, e dar o exemplo do
seu mandamento novo de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou, ou seja,
dando a vida por nós. O próprio João o escreve na sua Primeira Carta: Nisto,
conhecemos a caridade: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida
pelos irmãos. Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por
obra e em verdade.
Por conseguinte, o amor é
o serviço concreto que prestamos uns aos outros. O amor não são
palavras, são obras e serviço; um serviço humilde, feito no silêncio e
no escondimento, como o próprio Jesus disse: não saiba a tua mão esquerda
o que faz a tua direita. Ele significa pôr à disposição os dons que o Espírito
Santo nos dispensou, para que a comunidade possa crescer. Além disso,
expressa-se na partilha dos bens materiais, para que ninguém esteja
em necessidade. A partilha e a dedicação a quem está em necessidade é um estilo
de vida que Deus sugere também a muitos não cristãos, como caminho de
humanidade autêntica.
Por fim, não esqueçamos que
lavando os pés aos discípulos e pedindo-lhes para fazerem o mesmo, Jesus nos
convidou também a confessar reciprocamente as nossas faltas e a rezar uns pelos
outros a fim de nos sabermos perdoar de coração. Neste sentido, recordamos as
palavras do santo bispo Agostinho quando escrevia: Que o cristão não desdenhe
de fazer o que Cristo fez. Porque quando o corpo se inclina até aos pés do
irmão, também no coração se acende, ou se já existia alimenta-se, o sentimento
de humildade. Perdoemo-nos reciprocamente as nossas faltas e rezemos pelas
culpas uns dos outros, de modo que de alguma maneira nos lavaremos os pés
mutuamente. O amor, a caridade é o serviço, ajudar os outros, servir os
outros.
Papa Francisco – 12 de março de 2016
Hoje celebramos:
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