terça-feira, 3 de abril de 2018

03 de abril - São Luís Scrosoppi


“Temos cada dia somente uma tarefa a realizar: Que em nós tudo seja um ato de amor, da manhã à noite.” Assim dizia São Luís, fundador da Congregação das Irmãs da Providência.

Luís nasceu em Údine, ao norte da Itália no dia 4 de agosto de 1804. Era o mais jovem dos três filhos do casal Domenico Scrosoppi e Antônia Lazzarine. A família era fervorosa na vivência e no ensino cristão onde todos foram educados. Tamanho era as virtudes de fé de seus pais que os irmãos Carlo e Giovanni foram ordenados quando Luís ainda era pequeno. Aos doze anos inicia o caminho do sacerdócio, frequentando o seminário diocesano de Údine e em 1827 é ordenado sacerdote.

O ambiente paupérrimo do Friuli de 1800, debilitado pela carestia, guerras e epidemias, são para Luís como um apelo para assumir os cuidados dos fracos: dedica-se com outros sacerdotes e um grupo de jovens professoras, à acolhida e à educação das "derelitas", as jovens mais sozinhas e abandonadas de Údine e dos arredores. Para elas coloca à disposição os seus bens, as suas energias, o seu afeto; não economiza nada de si e quando as necessidades são mais constrangedoras vai pedir esmolas: ele tem confiança na ajuda das pessoas e sobre tudo confia no Senhor. A sua vida, de fato, é uma expressão palpável da grande confiança na Providência divina. Assim escreve, a respeito da obra de caridade na qual está envolvido: "A Providência de Deus, que dispõe os ânimos e rende os corações para favorecer as suas obras, foi a única fonte da existência deste Instituto... aquela amorosa Providência, que não deixa confundir quem nela confia".

Não perde ocasião para infundir esta confiança e serenidade nas meninas acolhidas e nas jovens senhoras que se dedicam à sua educação. Estas são chamadas "mestras" porque são hábeis no trabalho de costura e de bordado, mas são também aptas para ensinar a "escrever, ler e fazer contas", como se costumava dizer. 


Na tarde do dia 1 de fevereiro de 1837, as nove senhoras, como sinal da decisão definitiva, depõem o seu "ouro" e escolhem viver na pobreza e na doação total de si. É nesta simplicidade que nasce a Congregação das Irmãs da Providência, a família religiosa fundada pelo padre Luís. Às primeiras mestras unem-se outras. Existem as ricas e as pobres, as cultas e as analfabetas, as nobres e aquelas de origem humilde: na Casa da Providência há lugar para todas e todas se tornam irmãs. 

O fundador as encoraja ao sacrifício e as exorta aos cuidados afetuosos das meninas, que devem considerar a "pupila dos seus olhos". Disse-lhes: "Mais que qualquer outra coisa, estas filhas dos pobres têm necessidade de educar o coração e de aprender tudo o que é necessário para conduzirem honestamente a sua vida". E ainda: "O cansaço, a aplicação, a ocupação contínua e as preocupações fastidiosas para ajudá-las, socorrê-las e instruí-las, não vos desencorajem, sabendo que fazeis tudo isto a Jesus".

Entretanto, Luís vai amadurecendo a necessidade de uma consagração mais total ao Senhor. Está fascinado pelo ideal de pobreza e de fraternidade universal de Francisco de Assis, mas os acontecimentos da vida e da história o conduzirão sobre os passos de São Felipe Neri, o cantor da alegria e da liberdade, o santo da oração, da humildade e da caridade. A vocação "oratoriana" de Luís se realiza em 1846 e na maturidade dos seus 42 anos, torna-se filho de São Felipe: dele aprende a mansidão e a doçura que o ajudarão a ser mais idôneo na função de fundador e pai da Congregação das Irmãs da Providência. 

Todas as obras por ele empreendidas durante a sua vida, refletem esta escolha preferencial para os mais pobres, para os últimos, os abandonados. "Doze casas - havia profetizado - abrirei antes da minha morte" e isto aconteceu. Doze casas nas quais as Irmãs da Providência se dedicam num serviço humilde e alegre às jovens à mercê de si mesmas, aos doentes pobres e transcurados, aos anciãos abandonados.

Todavia, profundamente interessado no cumprimento do bem, Padre Luís não se ocupa somente de suas obras, nas quais as irmãs colaboram com pessoas generosas e disponíveis para dar-lhes uma ajuda. Oferece com entusiasmo o seu apoio espiritual e econômico, também às iniciativas projetadas em Údine por outras pessoas de boa vontade; sustenta toda atividade da Igreja e tem um olhar de particular predileção para os jovens do seminário de Údine, especialmente os mais pobres. 

Luís viveria ainda um grande desafio em sua época devido um decreto anticlerical de supressão de algumas casas de congregação em Udine. Tem início para o Padre Luís uma dura luta para salvar as obras a favor das "derelitas" e consegue, mas não pode fazer nada para impedir a supressão da Congregação do Oratório. A triste situação política consegue assim destruir as estruturas materiais da Congregação do Oratório de Údine, contudo não pode impedir a Padre Luís de permanecer para sempre discípulo fiel de São Felipe.

Já ancião, com a sua habitual abertura de espírito, compreende que é chegado o momento de ceder o timão e o transfere às irmãs com serenidade e esperança. Mantém, todavia, com todas um relacionamento epistolar que contribui para consolidar os laços de afeto e de caridade e, na sua solicitude paterna, jamais se cansa de recomendar a fraternidade e a confiança. 

Através da sua comunhão profunda com Deus e os longos anos de experiência, Padre Luís adquiriu sabedoria e intuito espiritual não comuns que lhe permitem ler nos corações; às vezes demonstra também conhecer situações interiores secretas e fatos conhecidos somente da pessoa interessada. 

No fim de 1883 é constrangido a suspender toda atividade, as forças começam a diminuir e é atormentado por uma febre constantemente alta. A doença progride de modo inexorável. Recomenda às Irmãs de nada temer "porque foi Deus que fez nascer e crescer a Família religiosa e será ainda Ele que a fará progredir".

Quando sente chegar seu fim, deseja saudar a todos. Portanto dirige as últimas palavras às Irmãs: "Depois da minha morte, a vossa Congregação terá muitas tribulações, mas depois renascerá a vida nova. Caridade! Caridade! Eis o espírito da vossa família religiosa: salvar as almas e salvá-las com a Caridade".

Na noite de quinta-feira, 03 de abril de 1884, acontece o seu encontro definitivo com Jesus. Toda Údine e a gente das cidades vizinhas acorrem para vê-lo pela última vez e pedir-lhe a proteção do céu.



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