O Evangelho nos convida a
reconhecer a verdade do nosso coração, para ver onde colocamos a segurança da
nossa vida. Normalmente, o rico sente-se seguro com as suas riquezas e, quando
estas estão em risco, pensa que se desmorona todo o sentido da sua vida na
terra. O próprio Jesus nos disse na parábola do rico insensato, falando daquele
homem seguro de si, que – como um insensato – não pensava que poderia morrer
naquele mesmo dia (cf. Lc 12, 16-21).
As riquezas não te dão
segurança alguma. Mais ainda: quando o coração se sente rico, fica tão
satisfeito de si mesmo que não tem espaço para a Palavra de Deus, para amar os
irmãos, nem para gozar das coisas mais importantes da vida. Deste modo priva-se
dos bens maiores. Por isso, Jesus chama
felizes os pobres em espírito, que têm o coração pobre, onde pode entrar o
Senhor com a sua incessante novidade.
Esta pobreza de espírito está intimamente ligada à “santa indiferença”
proposta por Santo Inácio de Loyola, na qual alcançamos uma estupenda liberdade
interior: “É necessário tornar-nos indiferentes face a todas as coisas criadas
(em tudo aquilo que seja permitido à liberdade do nosso livre arbítrio, e não
lhe esteja proibido), de tal modo que, por nós mesmos, não queiramos mais a
saúde do que a doença, mais a riqueza do que a pobreza, mais a honra do que a
desonra, mais uma vida longa do que curta, e assim em tudo o resto”.
Lucas não fala duma pobreza “em espírito”, mas simplesmente de ser «pobre»
(cf. Lc 6, 20), convidando-nos assim a uma vida também austera e
essencial. Desta forma, chama-nos a
compartilhar a vida dos mais necessitados, a vida que levaram os Apóstolos e,
em última análise, a configurar-nos a Jesus, que, “sendo rico, Se fez pobre”
(2 Cor 8, 9).
Ser pobre no coração: isto é
santidade.
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