É uma frase forte, neste mundo
que, desde o início, é um lugar de inimizade, onde se litiga por todo o lado,
onde há ódio em toda a parte, onde constantemente classificamos os outros pelas
suas ideias, os seus costumes e até a sua forma de falar ou vestir. Em suma, é
o reino do orgulho e da vaidade, onde cada um se julga no direito de elevar-se
acima dos outros. Embora pareça impossível, Jesus propõe outro estilo: a
mansidão. É o que praticava com os seus discípulos, e contemplamos na sua
entrada em Jerusalém: “aí vem o teu Rei,
ao teu encontro, manso e montado num jumentinho”.
Disse Ele: “Aprendei de Mim, porque sou manso e
humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito”. Se
vivemos tensos, arrogantes diante dos outros, acabamos cansados e exaustos.
Mas, quando olhamos os seus limites e defeitos com ternura e mansidão, sem nos
sentirmos superiores, podemos dar-lhes uma mão e evitamos de gastar energias em
lamentações inúteis. Para Santa Teresa de Lisieux, “a caridade perfeita consiste em suportar os defeitos dos outros, em
não se escandalizar com as suas fraquezas”.
Paulo designa a mansidão como
fruto do Espírito Santo. E, se alguma vez nos preocuparem as más ações do
irmão, propõe que o abordemos para corrigi-lo, mas “com espírito de mansidão,
[lembrando-nos:] e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado”.
Mesmo quando alguém defende a sua fé e
as suas convicções, deve fazê-lo com mansidão, e os próprios adversários devem
ser tratados com mansidão. Na Igreja, erramos muitas vezes por não ter acolhido
este apelo da Palavra divina.
A mansidão é outra expressão
da pobreza interior, de quem deposita a sua confiança apenas em Deus. De fato,
na Bíblia, usa-se muitas vezes a mesma palavra anawin para se referir
aos pobres e aos mansos. Alguém poderia objetar: “Mas, se eu for assim manso,
pensarão que sou insensato, estúpido ou frágil”. Talvez seja assim, mas
deixemos que os outros pensem isso. É melhor sermos sempre mansos, porque assim
se realizarão as nossas maiores aspirações: os mansos “possuirão a terra”, isto é, verão as promessas de Deus
cumpridas na sua vida. Porque os mansos, independentemente do que possam
sugerir as circunstâncias, esperam no Senhor, e aqueles que esperam no Senhor
possuirão a terra e gozarão de imensa paz. Ao mesmo tempo, o Senhor confia
neles: “é nos humildes de coração contrito que os meus olhos se fixam, pois
escutam a minha palavra com respeito”.
Reagir com humilde mansidão: isto é santidade.
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