Uma vez que Jesus já tinha saído de Nazaré para
dar início à sua vida pública por toda a Palestina, estava doravante completa e
exclusivamente ocupado nas coisas do Pai. Ocupava-se em anunciar o Reino: o
"Reino de Deus" e as "coisas do Pai", que dão também uma
dimensão nova e um sentido novo a tudo aquilo que é humano; e, por conseguinte,
a todos os laços humanos, em relação com os fins e as funções estabelecidos
para cada um dos homens. E até mesmo a "maternidade", vista na
dimensão do Reino de Deus, na irradiação da paternidade do próprio Deus,
alcança um outro sentido. Jesus ensina precisamente este novo sentido da
maternidade.
Ter-se-á afastado, por causa disto, daquela que
foi sua mãe, a sua genetriz segundo a carne? Desejará, porventura, deixá-la na
sombra do escondimento, que ela própria escolheu? Embora assim possa parecer,
se nos ativermos só ao som material daquelas palavras, devemos observar, no
entanto, que a maternidade nova e diversa, de que Jesus fala aos seus
discípulos, refere-se precisamente a Maria e de modo especialíssimo. Não é,
acaso, Maria a primeira dentre "aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põe
em prática"?
Maria é digna de bênçãos, sem dúvida alguma, pelo
fato de se ter tornado Mãe de Jesus segundo a carne ("Ditoso o ventre que
te trouxe e os seios a que foste amamentado"); mas é digna também e
sobretudo porque, logo desde o momento da Anunciação, acolheu a palavra de Deus
e porque nela acreditou e sempre foi obediente a Deus; ela, com efeito,
"guardava" a palavra, meditava-a "no seu coração" e
cumpria-a com toda a sua vida.
Papa João Paulo II –
Carta Encíclica Redemptoris Mater
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