São Félix foi o 48º
papa da Igreja católica e seu pontificado ocorreu entre os anos 483-492.
Nascido na Itália no
ano 440, a vida religiosa de Félix antes
de se tornar papa não é muito conhecida. Sabe-se apenas que era proveniente de
uma família nobre de nome Anicia e foi
indicado para o posto de papa por Odoacro, rei dos hérulos com atuação
fundamental na queda do Império Romano do Ocidente.
Com o falecimento
do Papa Simplício,
em 483, foi eleito o Papa
Félix III no dia 13 de março do mesmo ano.
Curiosamente, ele
deveria ter se chamado papa Félix II, pois o pontífice anterior que assumira
esse nome, fora na verdade um antipapa imposto pelo imperador Constâncio II. Ocorre
que, geralmente, os antipapas não são considerados na lista dos papas, mas
Félix II foi mártir e a Igreja reconheceu-lhe a santidade. Por esse motivo, o
pontífice celebrado no dia de hoje é considerado Félix III, e não II, como
seria de se esperar. Outra curiosidade a respeito de são Félix III é que ele
era filho de um padre; isso se explica pelo fato que no período em que Félix
viveu, o celibato eclesiástico dos padres não havia ainda sido definido. É por
esse mesmo motivo que ele próprio, são Félix, era casado e pai de três filhos.
Aliás, um de seus filhos foi pai de outro grande papa: são Gregório Magno
(590-604).
Seu papado dedicou-se
a estabelecer a paz no Oriente e combater heresias do cristianismo na época. A
luta pela purificação da doutrina envolveu um combate com Eutiques, um monge de
Constantinopla que fundamentava o monofisismo. Seus seguidores acreditavam que
Jesus Cristo era dotado de apenas uma natureza, a divina. A ideia se
contrapunha ao que pregava a Igreja do Ocidente, de que Jesus Cristo era dotado
de uma natureza divina e de uma natureza humana, e por isso era considerada
herética. Esta tensão realmente incomodava os cristãos romanos da época, que
viviam em sérias disputas pela imposição de sua doutrina. O debate criou sérios
problemas com o patriarcado de Constantinopla.
As querelas
doutrinárias com o Oriente começaram antes ainda do papado de Félix III. Um ano
antes de sua eleição, o imperador do Oriente, Zenão, promulgou um documento que
parecia defender ou favorecer o monofisismo. No entanto, a Igreja Católica
romana havia condenado tal doutrina no Concílio de Calcedônia realizado em 451.
Quando assumiu o posto de Sumo Pontífice, Félix III enviou embaixadores a
Constantinopla para discutir com o patriarca os motivos e os fins do documento.
Para insatisfação do papa, o patriarca Acácio se recusou a abrir mão do que
havia ratificado no documento e supostamente ainda tentou corromper os
embaixadores. A reação foi enfática, Acácio foi excomungado, criando, assim, sérias
desavenças entre Roma e Constantinopla.
A confusão que se
criou em torno de disputas doutrinárias gerou um cisma e um ambiente de tensão
com a Igreja oriental.
A controvérsia entre
Oriente e Ocidente durou cerca de 35 anos, e apesar da firmeza de são Félix em
não aceitar a heresia monofisita, outras heresias e cismas ocorreram nos
séculos sucessivos entre os cristãos orientais e os cristãos latinos. Outra
frente de ação que caracterizou o pontificado de são Félix foi a luta em defesa
dos bispos africanos, que sofriam com as invasões da tribo dos Vândalos. Após
um pontificado atribulado, são Félix morreu no dia 1 de março de 492, sendo
sepultado em Roma, na basílica de São Paulo Extra Muros.
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