sábado, 9 de março de 2019

09 de maio - Santa Catarina de Bolonha


Santa Catarina de Bolonha, mulher de vasta cultura, mas muito humilde; dedicada à oração, mas sempre pronta a servir; generosa no sacrifício, mas cheia de alegria para acolher com Cristo a cruz.

Nasceu em Bolonha em 8 de setembro de 1413, primogênita de Benvenuta Mammolini e de Giovanni de' Vigri. Seu pai era rico e culto, douto em Leis e público Leitor em Pádua, onde desenvolvia atividade diplomática para o marquês de Ferrara. As notícias sobre a infância de Catarina são escassas e não todas seguras. Enquanto criança, vive em Bolonha, na casa dos avós; ali é educada pelos parentes, sobretudo pela mamãe, mulher de grande fé. Transfere-se com ela para Ferrara quanto tinha cerca de dez anos e entra para a corte marquês de Ferrara como dama de honra de Margherita, sua filha natural.

Em Ferrara, Catarina não experimenta dos aspectos negativos que comportava frequentemente a vida de corte; goza da amizade de Margherita e torna-se sua confidente; enriquece a sua cultura: estuda música, pintura, dança; aprende a escrever poemas, composições literárias, tocar viola; torna-se especialista na arte da miniatura e da cópia; aperfeiçoa o estudo do latim. Na vida monástica futura valorizará muito o patrimônio artístico e cultural adquirido nesses anos. Aprende com facilidade, paixão e tenacidade; mostra grande prudência, singular modéstia, graça e gentileza no comportamento. Uma característica, no entanto, a distingue de modo absolutamente claro: o seu espírito constantemente voltado às coisas do Céu. 

Em 1427, com somente quatorze anos, também após alguns eventos familiares, Catarina decide deixar a corte, para unir-se a um grupo de jovens mulheres provenientes de famílias nobres que viviam em comum, consagrando-se a Deus. A mãe, com fé, consente, ainda que tivesse outros projetos para ela.

Não conhecemos o caminho espiritual de Catarina antes dessa primeira escolha. Falando em terceira pessoa, ela afirma que entrou no serviço de Deus "iluminada pela graça divina […] com reta consciência e grande fervor", passa noite e dia em santa oração, comprometendo-se em conquistar todas as virtudes que via nos outros, "não por inveja, mas para mais agradar a Deus, em quem tinha posto o seu amor". Notáveis são os seus progressos espirituais nesta nova fase da vida, mas grandes e terríveis são também as provações, os sofrimentos interiores, sobretudo as tentações do demônio. Atravessa uma profunda crise espiritual até o limiar do desespero.  Vive na noite do espírito, percorrida também pela tentação da incredulidade com relação à Eucaristia. Após tanto padecer, o Senhor a consola: em uma visão, dá-lhe clara consciência da presença real eucarística, uma consciência tão luminosa que Catarina não consegue expressar com palavras. No mesmo período, uma prova dolorosa se abate sobre a comunidade: surgem tensões entre quem deseja seguir a espiritualidade agostiniana e quem é mais orientado à espiritualidade franciscana.

Entre 1429 e 1430, a responsável pelo grupo, Lucia Mascheroni, decide fundar um mosteiro agostiniano. Catarina, ao contrário, escolhe ligar-se à regra de Santa Clara de Assis. É um dom da Providência, porque a comunidade habita nas redondezas da Igreja do Espírito Santo, anexa ao convento dos Frades Menos que aderiram ao movimento da Observância. Catarina e as companheiras podem, assim, participar regularmente das celebrações litúrgicas e receber uma adequada assistência espiritual.

Em 1431, tem uma visão do juízo final. A terrível cena dos condenados a leva a intensificar orações e penitência pela salvação dos pecadores. O demônio continua a assaltá-la e ela se confia de modo sempre mais completo ao Senhor e à Virgem Maria.
No tratado autobiográfico e didático, As sete armas espirituais, Catarina oferece, a esse respeito, ensinamentos de grande sabedoria e profundo discernimento.  Elenca sete armas na luta contra o mal, contra o diabo: 
1. ter cuidado e preocupação de trabalhar sempre para o bem;
2. crer que, sozinhos, nunca poderemos fazer nada de verdadeiramente bom;
3. confiar em Deus e, por seu amor, não temer nunca a batalha contra o mal, seja no mundo, seja em nós mesmos;
4. meditar com frequência nos eventos e palavras da vida de Jesus, sobretudo sua Paixão e Morte;
5. recordar-se que devemos morrer;
6. ter fixa na mente a memória dos bens do Paraíso;
7. ter familiaridade com a Sagrada Escritura, levando-a sempre no coração para que oriente todos os pensamentos e todas as ações.

Um belo programa de vida espiritual, também hoje, para cada um de nós!

No convento, Catarina, apesar de ser habituada à corte de Ferrara, cumpre as funções de lavadeira, costureira, padeira e é empregada no cuidado de animais. Faz tudo, também os serviços mais humildes, com amor e pronta obediência, oferecendo às irmãs um testemunho luminoso. Ela vê, de fato, na desobediência aquele orgulho espiritual que destrói toda outra virtude. Por obediência, aceita o encargo de mestra de noviças, embora se considere incapaz de desenvolver o encargo, e Deus continua a animá-la com a sua presença e seus dons: é, de fato, uma mestra sábia e apreciada.

Em seguida, é lhe confiado o serviço do parlatório. Custa-lhe muito interromper com frequência a oração para responder às pessoas que se apresentam ao mosteiro, mas também dessa vez o Senhor não deixa de visitá-la e ser-lhe próximo
Poucos anos depois, em 1456, ao seu mosteiro é pedido que crie uma nova fundação em Bolonha. Catarina preferiria terminar seus dias em Ferrara, mas o Senhor lhe aparece e exorta a aceitar a vontade de Deus indo a Bolonha como abadessa. Prepara-se para a nova missão com jejuns, disciplina e penitência. Parte para Bolonha com dezoito irmãs.

Como superiora, é a primeira na oração e no serviço; vive em profunda humildade e pobreza. Ao terminar do triênio de abadessa, é feliz por ser substituída, mas, após um ano, retoma as suas funções, porque a nova eleita fica cega. Apesar de sofrer e com graves enfermidades que a atormentam, realiza seu serviço com generosidade e dedicação.

No início de 1463, as enfermidades se agravam; reúne-se com as irmãs em Capítulo pela última vez, para anunciar a sua morte e recomendar a observância da regra. Até o final de fevereiro é tomada de fortes sofrimentos que não a deixam mais, mas é ela quem conforta as irmãs na dor, assegurando-lhes seu auxílio também do Céu. Após ter recebido os últimos Sacramentos, entrega ao confessor o escrito As sete armas espirituais e entra em agonia; o seu rosto fica belo e luminoso; olha ainda com amor quantos a circundam e morre docemente, pronunciando três vezes o nome de Jesus: é 9 de março de 1463.

Catarina será canonizada pelo Papa Clemente XI em 22 de maio de 1712. A cidade de Bolonha preserva o seu corpo incorrupto.



Nenhum comentário:

Postar um comentário