Santa
Catarina de Bolonha, mulher de vasta cultura, mas muito humilde; dedicada à
oração, mas sempre pronta a servir; generosa no sacrifício, mas cheia de
alegria para acolher com Cristo a cruz.
Nasceu em Bolonha em
8 de setembro de 1413, primogênita de Benvenuta Mammolini e de Giovanni de'
Vigri. Seu pai era rico e culto, douto em Leis e público Leitor em Pádua, onde
desenvolvia atividade diplomática para o marquês de Ferrara. As notícias sobre
a infância de Catarina são escassas e não todas seguras. Enquanto criança, vive
em Bolonha, na casa dos avós; ali é educada pelos parentes, sobretudo pela
mamãe, mulher de grande fé. Transfere-se com ela para Ferrara quanto tinha
cerca de dez anos e entra para a corte marquês de Ferrara como dama de honra de
Margherita, sua filha natural.
Em Ferrara, Catarina
não experimenta dos aspectos negativos que comportava frequentemente a vida de
corte; goza da amizade de Margherita e torna-se sua confidente; enriquece a sua
cultura: estuda música, pintura, dança; aprende a escrever poemas, composições
literárias, tocar viola; torna-se especialista na arte da miniatura e da cópia;
aperfeiçoa o estudo do latim. Na vida monástica futura valorizará muito o
patrimônio artístico e cultural adquirido nesses anos. Aprende com facilidade,
paixão e tenacidade; mostra grande prudência, singular modéstia, graça e
gentileza no comportamento. Uma
característica, no entanto, a distingue de modo absolutamente claro: o seu
espírito constantemente voltado às coisas do Céu.
Em 1427, com somente
quatorze anos, também após alguns eventos familiares, Catarina decide deixar a
corte, para unir-se a um grupo de jovens mulheres provenientes de famílias
nobres que viviam em comum, consagrando-se a Deus. A mãe, com fé, consente,
ainda que tivesse outros projetos para ela.
Não conhecemos o
caminho espiritual de Catarina antes dessa primeira escolha. Falando em
terceira pessoa, ela afirma que entrou no serviço de Deus "iluminada pela
graça divina […] com reta consciência e grande fervor", passa noite e dia
em santa oração, comprometendo-se em conquistar todas as virtudes que via nos
outros, "não por inveja, mas para
mais agradar a Deus, em quem tinha posto o seu amor". Notáveis são os
seus progressos espirituais nesta nova fase da vida, mas grandes e terríveis
são também as provações, os sofrimentos interiores, sobretudo as tentações do
demônio. Atravessa uma profunda crise espiritual até o limiar do desespero. Vive
na noite do espírito, percorrida também pela tentação da incredulidade com
relação à Eucaristia. Após tanto padecer, o Senhor a consola: em uma visão,
dá-lhe clara consciência da presença real eucarística, uma consciência tão
luminosa que Catarina não consegue expressar com palavras. No mesmo período,
uma prova dolorosa se abate sobre a comunidade: surgem tensões entre quem
deseja seguir a espiritualidade agostiniana e quem é mais orientado à
espiritualidade franciscana.
Entre 1429 e 1430, a
responsável pelo grupo, Lucia Mascheroni, decide fundar um mosteiro
agostiniano. Catarina, ao contrário, escolhe ligar-se à regra de Santa Clara de
Assis. É um dom da Providência, porque a comunidade habita nas redondezas da
Igreja do Espírito Santo, anexa ao convento dos Frades Menos que aderiram ao
movimento da Observância. Catarina e as companheiras podem, assim, participar
regularmente das celebrações litúrgicas e receber uma adequada assistência
espiritual.
Em 1431, tem uma
visão do juízo final. A terrível cena dos condenados a leva a intensificar
orações e penitência pela salvação dos pecadores. O demônio continua a
assaltá-la e ela se confia de modo sempre mais completo ao Senhor e à Virgem
Maria.
No
tratado autobiográfico e didático, As
sete armas espirituais, Catarina oferece, a
esse respeito, ensinamentos de grande sabedoria e profundo discernimento. Elenca sete armas na luta contra o mal,
contra o diabo:
1. ter cuidado e preocupação de trabalhar sempre para o
bem;
2. crer que, sozinhos, nunca poderemos fazer nada de
verdadeiramente bom;
3. confiar em Deus e, por seu amor, não temer nunca a
batalha contra o mal, seja no mundo, seja em nós mesmos;
4. meditar com frequência nos eventos e palavras da vida de
Jesus, sobretudo sua Paixão e Morte;
5. recordar-se que devemos morrer;
6. ter fixa na mente a memória dos bens do Paraíso;
7. ter familiaridade com a Sagrada Escritura, levando-a
sempre no coração para que oriente todos os pensamentos e todas as ações.
Um belo programa de vida espiritual, também hoje, para cada
um de nós!
No convento,
Catarina, apesar de ser habituada à corte de Ferrara, cumpre as funções de
lavadeira, costureira, padeira e é empregada no cuidado de animais. Faz
tudo, também os serviços mais humildes, com amor e pronta obediência,
oferecendo às irmãs um testemunho luminoso. Ela vê, de fato, na desobediência
aquele orgulho espiritual que destrói toda outra virtude. Por
obediência, aceita o encargo de mestra de noviças, embora se considere
incapaz de desenvolver o encargo, e Deus continua a animá-la com a sua presença
e seus dons: é, de fato, uma mestra sábia e apreciada.
Em seguida, é lhe
confiado o serviço do parlatório. Custa-lhe muito interromper com frequência a
oração para responder às pessoas que se apresentam ao mosteiro, mas também
dessa vez o Senhor não deixa de visitá-la e ser-lhe próximo
Poucos anos depois,
em 1456, ao seu mosteiro é pedido que crie uma nova fundação em Bolonha. Catarina
preferiria terminar seus dias em Ferrara, mas o Senhor lhe aparece e exorta a
aceitar a vontade de Deus indo a Bolonha como abadessa. Prepara-se para a nova
missão com jejuns, disciplina e penitência. Parte para Bolonha com dezoito
irmãs.
Como superiora, é a
primeira na oração e no serviço; vive em profunda humildade e pobreza. Ao
terminar do triênio de abadessa, é feliz por ser substituída, mas, após um
ano, retoma as suas funções, porque a nova eleita fica cega. Apesar de sofrer e
com graves enfermidades que a atormentam, realiza seu serviço com generosidade
e dedicação.
No início de 1463, as
enfermidades se agravam; reúne-se com as irmãs em Capítulo pela última vez,
para anunciar a sua morte e recomendar a observância da regra. Até o final de
fevereiro é tomada de fortes sofrimentos que não a deixam mais, mas é ela quem
conforta as irmãs na dor, assegurando-lhes seu auxílio também do Céu. Após ter
recebido os últimos Sacramentos, entrega ao confessor o escrito As sete armas espirituais e
entra em agonia; o seu rosto fica belo e luminoso; olha ainda com amor quantos
a circundam e morre docemente, pronunciando três vezes o nome de Jesus: é 9 de
março de 1463.
Catarina será
canonizada pelo Papa Clemente XI em 22 de maio de 1712. A cidade de Bolonha preserva
o seu corpo incorrupto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário