Jesus vai ao deserto,
e ali padece a tentação de deixar o caminho indicado pelo Pai para seguir
outras veredas, mais fáceis e mundanas. Assim, Ele assume as nossas tentações,
traz consigo a nossa miséria, para vencer o maligno e para nos abrir o caminho
rumo a Deus, a senda da conversão.
O deserto, onde Jesus
se retira, é o lugar do silêncio, da pobreza, onde o homem permanece desprovido
das ajudas materiais e se encontra diante dos pedidos fundamentais da
existência, é impelido a ir ao essencial e, precisamente por isso, é-lhe mais
fácil encontrar Deus. Mas o deserto é inclusive o lugar da morte, pois onde não
há água também não há vida, e é o lugar da solidão, onde o homem sente mais
intensa a tentação.
Meditar sobre as
tentações às quais Jesus foi submetido no deserto é um convite para cada um de
nós a responder a uma pergunta fundamental: o que conta verdadeiramente na
minha vida?
Na primeira tentação,
o diabo propõe a Jesus que transforme uma pedra em pão, para saciar a fome.
Jesus afirma que o homem vive também de pão, mas não só de pão:
sem uma resposta à fome de verdade, à fome de Deus, o homem não se pode salvar.
Na segunda tentação,
o diabo propõe a Jesus o caminho do poder: condu-lo para o alto e oferece-lhe o
domínio do mundo; mas não é este o caminho de Deus: para Jesus é evidente que
não é o poder mundano que salva o mundo, mas o poder da cruz, da humildade e do
amor.
Na terceira tentação,
o diabo propõe a Jesus que se lance do pináculo do Templo de Jerusalém para se
fazer salvar por Deus mediante os seus anjos, ou seja, que realize algo de
sensacional para pôr à prova o próprio Deus; mas a resposta é que Deus não é um
objeto ao qual impor as nossas condições: é o Senhor de tudo.
Qual é o núcleo das
três tentações que Jesus sofre? É a proposta de instrumentalizar Deus, de o
usar para os próprios interesses, glória e sucesso. E, portanto, nomeadamente,
de se colocar no lugar de Deus, removendo-o da sua existência e fazendo-o
parecer supérfluo. Então, cada um deveria interrogar-se: que lugar tem Deus na
minha vida? O Senhor é Ele, ou sou eu?
Papa
Bento XVI – 13 de fevereiro de 2013
Hoje celebramos:
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