segunda-feira, 20 de agosto de 2018

20 de agosto - Santa Maria de Mattias


“O seu mandamento é este: que creiamos... e nos amemos uns aos outros" (1 Jo 3, 23). O apóstolo João exorta a aceitar o amor infinito de Deus, que para a salvação do mundo enviou o seu Filho unigenito. Este amor exprimiu-se de modo sublime quando Cristo derramou o seu Sangue como "preço infinito de resgate" por toda a humanidade. Pelo mistério da Cruz foi conquistada interiormente Maria de Mattias, que colocou o Instituto das Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo "sob o estandarte do Sangue Divino". O amor a Jesus crucificado transformou-se nela em paixão pelas almas e em dedicação humilde aos irmãos, ao "querido próximo", como gostava de repetir. "Animemo-nos exortava a sofrer de bom grado por amor de Jesus que deu com tanto amor o seu sangue por nós. Comprometamo-nos em ganhar almas para o céu".

Santa Maria de Mattias confia hoje esta mensagem aos seus filhos e às suas filhas espirituais, estimulando a todos a seguir até ao sacrifício da vida o Cordeiro imolado por nós.
Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 18 de maio de 2003

Foi em Vallecorsa, província de Frosinone que Maria de Mattias veio ao mundo, em 4 de Fevereiro de 1805. Era a última aldeia do Estado Pontifício.
Na sua família não faltavam riqueza e cultura, assim como uma profunda fé cristã.

No diálogo com seu pai, aprendeu e interiorizou as verdades da fé e episódios da Sagrada Escritura que lhe lia desde a mais tenra idade. Assim desenvolveu um grande amor a Jesus, Cordeiro imolado pela salvação da humanidade. Tudo isto aconteceu quando se vivia o período trágico do banditismo. No espírito de Maria De Mattias, amadurecia, assim, um confronto entre o sangue humano derramado pelo ódio e vingança e o de Cristo, derramado por amor.

Viveu a sua meninice e adolescência na contemplação da sua beleza, mas aos 16-17 anos começou uma nova procura de sentido para a vida, através da necessidade de um amor sem limites.
Foi sempre em diálogo com o pai a quem revelou a vontade interior de se confiar a Nossa Senhora para que lhe desse luz, que Deus lhe fez experimentar de modo místico a beleza do seu amor, manifestado na sua plenitude em Cristo Crucificado, em Cristo que dá todo o seu Sangue.
Esta foi a fonte, a força e motivação que a levou pelos caminhos da Itália para fazer conhecer de todos o Amor terno do Pai Celeste, como ela dizia; o Amor de Jesus Crucificado.

Convencida de que a reforma da sociedade nasce do coração da pessoa e que esta se transforma quando compreende quão preciosa é aos olhos de Deus e de quanto amor foi objeto:  Jesus deu todo o seu Sangue para a resgatar. Fora esta a sua experiência e assim, procurava conduzir a todos, pequenos e grandes, a descobrir o que lhe tinha sido revelado e a havia transformado.
Aprendera tudo isto aos dezessete anos, durante a pregação de uma missão popular em Vallecorsa, orientada por Gaspar del Bufalo, mais tarde canonizado pela Igreja.

Sob a orientação do Venerável Pe. Giovanni Merlini, fundou a Congregação das Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo, em Acuto, a 4 de Março de 1834. Como tinha aprendido a ler e escrever, foi chamada pelo Administrador de Anagni, Mons. José Maria Lais, para ensinar as crianças. Maria não se limitava a essa missão; juntou as mães e os filhos para os catequizar, para os fazer amar Jesus e viver cristamente. Não podia falar aos homens, mas estes acorriam voluntariamente para a ouvir, embora às escondidas. Até os pastores lhe pediram que os ensinasse depois do pôr do sol; todos acorriam para ouvir as suas lições.

Maria atraía a todos, até os sacerdotes, porque, quando falava de Jesus e dos mistérios da fé, parecia tê-los vivido em pessoa. O seu desejo era de que nem uma gota do Sangue de Jesus se perdesse, que juntasse todos os pecadores para os purificar e, assim, reencontrassem o justo caminho para a paz e comunhão entre os homens.

Este ardor arrastou muitos jovens e Maria De Mattias teve de fundar muitas casas, chegando à Alemanha e Inglaterra; em Roma, o próprio Papa Pio IX a chamou para o Hospício de São Luís e para a Escola de Civitavecchia. Na sua vida tinha uma preocupação:  dar gosto a Jesus, que lhe tinha roubado o coração desde a juventude e salvar "o querido próximo".

Morreu em Roma a 20 de Agosto de 1866 e Pio IX mandou que fosse sepultada no Cemitério de Verano. O processo da sua Beatificação foi iniciado trinta anos depois, mas foi Pio XII que a beatificou em 1 de outubro de 1950 e no dia 18 de maio de 2003, foi canonizada por João Paulo II, na Praça de São Pedro.

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