Hoje, solenidade da
Assunção de Maria, o Evangelho apresenta-nos a jovem de
Nazaré que, tendo recebido o anúncio do Anjo, parte depressa para ir ter com
Isabel, nos últimos meses da sua gravidez prodigiosa. Ao chegar à sua casa,
Maria ouve dos seus lábios as palavras que compõem a oração da Ave-Maria: Bendita
és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Com efeito, o maior
dom que Maria oferece a Isabel — e ao mundo inteiro — é Jesus, que já vive
nela; e vive não só por fé e expetativa como em tantas mulheres do Antigo Testamento:
da Virgem Jesus assumiu a carne humana para a sua missão de salvação.
Na casa de Isabel e
do seu marido Zacarias, onde antes reinava a tristeza pela falta de filhos,
agora há a alegria da chegada de um bebé: um menino que se tornará o grande
João Batista, precursor do Messias. E quando Maria chega, a alegria transborda
e rebenta dos corações, porque a presença invisível mas real de Jesus a tudo dá
sentido: a vida, a família, a salvação do povo... Tudo! Esta alegria plena
exprime-se com a voz de Maria na oração maravilhosa que o Evangelho de Lucas
nos transmitiu e que, desde a primeira palavra latina, se chama Magnificat.
É um canto de
louvor a Deus que realiza grandes coisas através das pessoas humildes,
desconhecidas ao mundo, como a própria Maria, o seu esposo José, e também o
lugar no qual vivem, Nazaré. As grandes coisas que Deus realizou com as pessoas
humildes, as coisas grandes que o Senhor faz no mundo com os humildes, porque a
humildade é como um vazio que deixa espaço a Deus. O humilde é poderoso porque
é humilde: não porque é forte. Esta é a grandeza do humilde e da humildade.
Gostaria de vos perguntar — e também a mim mesmo — sem responder em voz alta,
cada um responda no coração: “Como está a minha humildade?”
O Magnificat canta
o Deus misericordioso e fiel, que cumpre o seu desígnio de salvação com os
pequenos e os pobres, com os que têm fé n’Ele, que confiam na sua Palavra, como
Maria. Eis a exclamação de Isabel: Feliz daquela que acreditou. Naquela casa, a
vinda de Jesus através de Maria criou um clima não só de alegria e de comunhão
fraterna mas também de fé que leva à esperança, à oração e ao louvor.
Gostaríamos que
tudo isto acontecesse também hoje nas nossas casas. Celebrando a Assunção de
Maria Santíssima ao Céu, peçamos que Ela, mais uma vez traga a nós, às nossas
famílias, às nossas comunidades, aquele dom imenso, única graça que devemos
pedir sempre em primeiro lugar e acima das outras graças embora todas nos
estejam a peito: a graça que é Jesus Cristo!
Dando-nos Jesus,
Nossa Senhora oferece-nos também uma alegria nova, plena de significado;
concede-nos uma nova capacidade de atravessar com fé os momentos mais dolorosos
e difíceis; doa-nos a capacidade de misericórdia, para nos perdoar, nos
compreender, nos apoiar reciprocamente.
Maria é modelo de
virtude e fé. Ao contemplá-la hoje elevada ao Céu, ao cumprimento final do seu
itinerário terreno, demos-lhe graças porque sempre nos precede na peregrinação
da vida e da fé — é a primeira discípula. E peçamos-lhe que nos guarde e nos
apoie; que possamos ter uma fé firme, jubilosa e misericordiosa; que nos ajude
a ser santos, para nos encontrar com ela, um dia, no Paraíso.
Papa
Francisco – 15 de agosto de 2017
Hoje Celebramos:
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