Jesus nos conta
duas parábolas: o tesouro escondido e a pérola preciosa. Elas
frisam a decisão dos protagonistas de vender tudo para obter o que descobriram.
No primeiro caso trata-se de um camponês que encontrou por acaso um tesouro
escondido no campo onde está a trabalhar. Por não ser um campo de sua
propriedade, se quiser ficar com o tesouro tem que o comprar: portanto decide
arriscar todos os seus bens para não perder aquela ocasião deveras excepcional.
No segundo caso encontramos um mercador de pérolas preciosas; sendo um
conhecedor perito, encontrou uma pérola de grande valor. Também ele decide
investir tudo naquela pérola, a ponto de vender todas as outras.
Estas semelhanças põe
em evidência duas características relativas à posse do Reino de Deus; a busca e
o sacrifício. É verdade que o Reino de Deus é oferecido a todos — é um
dom, é uma prenda, é graça — mas não é servido num tabuleiro de prata, exige um
dinamismo: trata-se de procurar, caminhar, trabalhar. A atitude da busca é
a condição essencial para encontrar; é preciso que o coração arda com o desejo
de alcançar o bem precioso, ou seja, o Reino de Deus que se faz presente na
pessoa de Jesus. É Ele o tesouro escondido, é Ele a pérola de grande valor. Ele
é a descoberta fundamental, que pode fazer uma mudança decisiva na nossa vida,
enchendo-a de significado.
Face à descoberta
inesperada, quer o camponês quer o mercador dão-se conta de ter uma ocasião
única que não querem perder, e por isso vendem tudo o que possuem. A avaliação
do valor inestimável do tesouro leva a uma decisão que implica também sacrifícios,
desprendimentos e renúncias. Quando o tesouro e a pérola foram descobertos, ou
seja, quando encontramos o Senhor, é necessário que esta descoberta não seja
estéril, mas deve-se sacrificar por ela qualquer outra coisa. Não se trata de
desprezar o resto, mas de o subordinar a Jesus, pondo-O em primeiro lugar. A
graça do primeiro lugar. O discípulo de Cristo não é alguém que se privou de
algo essencial; é uma pessoa que encontrou muito mais: encontrou a alegria
plena que só o Senhor pode doar. É a alegria evangélica dos doentes curados;
dos pecadores perdoados; do ladrão para o qual se abre a porta do paraíso.
A alegria do
Evangelho enche o coração e a vida inteira de quantos se encontram com Jesus.
Aqueles que se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do
vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo a alegria nasce e renasce.
Hoje somos
exortados a contemplar a alegria do camponês e do mercador das parábolas. É a
alegria de cada um de nós quando descobrimos a proximidade e a presença
confortadora de Jesus na nossa vida. Uma presença que transforma o coração e
nos abre às necessidades e ao acolhimento dos irmãos, sobretudo dos mais
débeis.
Rezemos, pela
intercessão da Virgem Maria, para que cada um de nós saiba testemunhar, com as
palavras e com os gestos diários, a alegria de ter encontrado o tesouro do
Reino de Deus, ou seja, o amor que o Pai nos doou mediante Jesus.
Papa
Francisco – 30 de julho de 2017
Hoje
celebramos:
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