O encontro com Jesus na estrada para Damasco
transforma radicalmente a vida de São Paulo. A partir de então, para ele, o
sentido da existência já não está em confiar nas próprias forças para observar
escrupulosamente a Lei, mas em aderir com todo o seu ser ao amor gratuito e
imerecido de Deus, a Jesus Cristo crucificado e ressuscitado. Conhece, assim, a
irrupção duma vida nova, a vida segundo o Espírito, na qual, pelo poder do
Senhor ressuscitado, experimenta perdão, confidência e conforto. E Paulo não
pode guardar para si mesmo esta novidade: é impelido pela graça a proclamar a
feliz notícia do amor e da reconciliação que Deus oferece plenamente em Cristo
à humanidade.
Para o Apóstolo dos Gentios, a reconciliação do
homem com Deus, da qual foi feito embaixador, é um dom que vem de Cristo. “O
amor de Cristo impele-nos para a reconciliação”. “O amor de Cristo”: não se
trata do nosso amor por Cristo, mas do amor que Cristo tem por nós. Da mesma
forma, a reconciliação para a qual somos impelidos não é simplesmente
iniciativa nossa: é primariamente a reconciliação que Deus nos oferece em
Cristo. Antes de ser esforço humano de crentes que procuram superar as suas
divisões, é um dom gratuito de Deus. Como resultado deste dom, a pessoa
perdoada e amada é chamada, por sua vez, a proclamar o evangelho da
reconciliação em palavras e obras, a viver e dar testemunho duma existência
reconciliada.
Nesta perspectiva, podemos hoje perguntar-nos:
Como é possível proclamar este evangelho de reconciliação depois de séculos de
divisões? O próprio Paulo nos ajuda a encontrar o caminho. Ele sublinha que a
reconciliação em Cristo não se pode realizar sem sacrifício. Jesus deu a sua
vida, morrendo por todos. De modo semelhante os embaixadores de reconciliação,
em seu nome, são chamados a dar a vida, a não viver mais para si mesmos, mas
para Aquele que morreu e ressuscitou por eles. Como ensina Jesus, só quando
perdemos a vida por amor d’Ele é que verdadeiramente a temos ganha. É a
revolução que Paulo viveu, mas é também a revolução cristã de sempre: deixar
de viver para nós mesmos, buscando os nossos interesses e promoção da nossa
imagem, mas reproduzir a imagem de Cristo, vivendo para Ele e de acordo com
Ele, com o seu amor e no seu amor.
Papa Francisco – 25 de
janeiro de 2017
Hoje celebramos:
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