No Evangelho encontramos Jesus que, retirando-se sobre o monte, reza durante a noite inteira. Separado tanto da multidão como dos seus discípulos, o Senhor manifesta a sua intimidade com o Pai e a necessidade de rezar em solidão, ao abrigo dos tumultos do mundo. No entanto, este seu afastar-se não deve ser entendido como um desinteresse pelas pessoas, nem como um abandono dos Apóstolos.
Pelo contrário pediu que os discípulos entrassem na barca a fim de O preceder na outra margem, para os encontrar de novo. Entrementes, já a uma boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário, e eis que pela quarta vigília da noite, Jesus veio até eles, caminhando sobre o mar, os discípulos ficaram transtornados e, pensando que se tratava de um fantasma, soltaram gritos de terror, pois não O reconheceram, não compreenderam que era o Senhor. Mas Jesus tranquiliza-os: Ânimo, sou Eu. Não tenhais medo!
Trata-se de um episódio, do qual os Padres da Igreja hauriram uma grandiosa riqueza de significado. O mar simboliza a vida presente, a instabilidade do mundo visível; a tempestade indica todos os tipos de tribulação, de dificuldade que oprime o homem. A barca, ao contrário, representa a Igreja construída por Cristo e norteada pelos Apóstolos. Jesus deseja educar os discípulos a suportar com coragem as adversidades da vida, confiando em Deus, naquele que se revelou ao profeta Elias no monte Horeb, no murmúrio de uma brisa ligeira.
Invoquemos a Virgem Maria, modelo de confiança plena em Deus para que, no meio de tantas preocupações, problemas e dificuldades que agitam o mar da nossa vida, ressoe no nosso coração a palavra tranquilizadora de Jesus que nos diz, também a nós: Ânimo, sou Eu, não tenhais medo!, e aumente a nossa fé nele.
Papa Bento XVI
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