A liturgia nos propõe duas breves parábolas de
Jesus: a da semente que cresce sozinha e a do grão de mostarda. Através de
imagens tiradas do mundo da agricultura, o Senhor apresenta o mistério da
Palavra e do Reino de Deus, indicando as razões da nossa esperança e do nosso
compromisso.
Na primeira parábola, presta-se atenção ao
dinamismo da sementeira: quer o camponês durma, quer esteja acordado, a semente
que é lançada na terra germina e cresce sozinha. O homem semeia com a confiança
de que o seu trabalho não será infecundo.
O que sustém o agricultor na sua labuta
quotidiana é precisamente a confiança na força da semente e na bondade do
terreno. Esta parábola evoca o mistério da criação e da redenção, da obra
fecunda de Deus na história. Ele é o Senhor do Reino, o homem é o seu
colaborador humilde, que contempla e rejubila com a obra criadora divina e dela
espera pacientemente os frutos. A narração final faz-nos pensar na intervenção
conclusiva de Deus no fim dos tempos, quando Ele realizará plenamente o seu
Reino. O tempo presente é época de sementeira, e o crescimento da semente é
garantida pelo Senhor. Então, cada cristão sabe bem que deve fazer tudo aquilo
que pode, mas que o resultado final depende de Deus.
Também a segunda parábola utiliza a imagem da
sementeira. Aqui, no entanto, trata-se de uma semente específica, o grão de
mostarda, considerada a menor de todas as sementes. Porém, embora seja tão
pequenina, ela está cheia de vida, e do seu partir-se nasce um rebento capaz de
romper o terreno, de sair à luz do sol e de crescer até se tornar maior que
todas as hortaliças: a debilidade é a força da semente, o romper-se é o seu
poder. E assim é o Reino de Deus: uma realidade humanamente pequena, formada
por quantos são pobres no coração, por quem não confia na própria força, mas na
força do amor de Deus, pelos que não são importantes aos olhos do mundo; e no
entanto, é precisamente através deles que irrompe a força de Cristo e
transforma aquilo que é aparentemente insignificante.
Papa Bento XVI – 17 de junho
de 2012
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