domingo, 2 de dezembro de 2018

02 de dezembro - Beata Maria Angela Astorch


Hoje a Igreja eleva à glória dos altares e propõe à imitação do povo fiel, Maria Angela Astorch, novo exemplo de santidade amadurecida nas terras da Espanha.
Pertence à família das religiosas Clarissas Capuchinhas.
Nas sucessivas etapas como simples religiosa, jovem mestra de noviças, responsável da formação das professas e abadessa, deixa em redor, em Barcelona, Saragoça, Sevilha e Murcia, uma esteira admirável de fidelidade à sua própria consagração e de amor à Igreja.

A sua inteligência não comum sabe apoiar-se na solidez da palavra revelada e dos escritores eclesiásticos, que estuda e conhece em profundidade. Isto leva-a a um firme conhecimento teórico e prático dos caminhos da espiritualidade, que vive em íntima união com a Igreja, sobretudo através da liturgia, dos textos sagrados e do oficio divino. Até ao ponto de podermos indicá-la como a mística do breviário.

Nas suas tarefas de formadora emprega "o nobre estilo" que Deus usa com ela mesma. Sabe, por isso, respeitar a individualidade de cada pessoa, ajudando-a ao mesmo tempo a "caminhar ao passo de Deus", que é diferente em cada um. Assim a profunda compreensão não se torna tolerância inerte.
Maria Angela Astorch é pois uma figura digna de ser vista hoje atentamente. Para que nos ensine a respeitar os caminhos do homem, abrindo-os aos caminhos de Deus.

Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 23 de maio de 1982

Nasceu no seio de boa família, sendo a mais nova de quatro irmãos. Seu pai, Cristóvão Cortey, era livreiro de profissão e sua mãe, Catarina Astorch, era herdeira de Pedro Miguel Astorch, com a condição de conservar o sobrenome na sua descendência. Ambos morreram num período de quatro anos, deixando Maria Ângela órfã, passa a ser cuidada por uma ama em Sarriá.

Em 1599, como resultado de uma intoxicação, foi dada por morta. Sua irmã Isabel Astorch, que era monja em um mosteiro de capuchinhas recém-fundado em Barcelona, junto com a fundadora do mesmo, Ângela Serafina Prat, foram ao enterro. Em meio dos preparativos, Maria Ângela retornou à vida, e o milagre foi atribuído às orações de Ângela Serafina.

A partir de então Maria Ângela passou a ter uma maturidade precoce e uma grande capacidade que faziam pensar em uma menina superdotada. Aprendeu a ler e a fazer trabalhos manuais, tinha grande amor pela leitura, especialmente por livros em latim.


Com a idade de 11 anos, ingressou no Mosteiro de Santa Margarida de Barcelona, fundado por Madre Ângela Serafina Prat. Com essa idade ela já dominava os seis tomos do Breviário em latim.

Não obstante sua maturidade precoce, Maria Ângela teve que esperar até os 16 anos para fazer o noviciado canônico. Foi um tempo de espera muito provado pela incompreensão e inveja da mestra, que chegou aos maus tratos, pois, devido sua maturidade e cultura, fora encarregada de dar alguma formação a suas companheiras. Finalmente Madre Ângela Serafina depôs a mestra e colocou Isabel Astorch, irmã de Maria Ângela, em seu lugar.

Aos 17 anos ela emitiu a profissão e com 20 anos foi eleita membro do conselho da comunidade.
Em 19 de maio de 1614, Maria Ângela, com cinco religiosas, partiu para a fundação em Zaragoza, que foi inaugurada em 24 de maio do mesmo ano.

Durante os anos em que permaneceu em Zaragoza ela exerceu o cargo de mestra de noviças; mestra de jovens professas; e abadessa, para o que teve que pedir dispensa a Roma, pois não tinha a idade canônica mínima.

Nesta época também se dedicou a escrever pequenas obras de caráter espiritual. Um dos seus maiores triunfos foi conseguir, em 1627, a aprovação de Urbano VIII para as Constituições que regeriam a vida das Capuchinhas de Zaragoza, e dos mosteiros que dele se originaram, durante três séculos.
Outra das obras de Irmã Maria Ângela era o atendimento a todos quantos se acercassem do mosteiro pedindo conselho ou buscando consolo. Entre estes estavam alguns bispos e o Cardeal Teodoro Trivulzio, vice-rei de Aragão, com quem manteve uma relação epistolar após o seu regresso para a Itália.

Um de seus confessores mandou-a ler os místicos em voga naquele tempo, para ver se com algum deles ela se sentia identificada: Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz, São Tomas de Jesus. A resposta de Maria Ângela foi negativa. Sua experiência é mais próxima a de Santa Gertrudes de Helfta. Sua espiritualidade litúrgica mereceu de João Paulo II a alcunha de mística do Breviário em sua beatificação. Além disto, era especial seu culto e devoção pela Eucaristia e a Missa; bem como uma grande devoção à Paixão e ao Coração de Jesus.

Em 9 de junho de 1645, acompanhada de outras quatro religiosas, seguiu para Murcia, inaugurando em 29 de junho do mesmo ano o Mosteiro da Exaltação do Santíssimo Sacramento. Ali exerceu os cargos de mestra de noviças e de abadessa. Entre suas discípulas estava Irmã Úrsula Micaela Morata, que em 1672 seria a fundadora do Mosteiro de Alicante.

Durante os anos em que ela viveu em Murcia teve que enfrentar momentos difíceis, especialmente a peste de 1648 e as inundações do Rio Segura em 1651 e 1653.

Em 1655 deixou de escrever preparando-se para sua morte. A partir de 1660 foi perdendo suas faculdades até acabar em um estado infantil. Em 1661 renunciou ao cargo de abadessa. Em 21 de novembro de 1665 sofreu uma hemiplegia, recobrando plenamente suas faculdades mentais. Morreu no dia 2 de dezembro do mesmo ano, cantando o Pange Lingua e após receber os sacramentos. Tinha 75 anos de idade.

A cidade de Murcia participou de seu enterro, pois o povo tinha uma grande estima pela Madre Fundadora, como era popularmente conhecida.
     


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